O Primeiro-ministro anunciou esta terça-feira reuniões do Governo com a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica.
António Costa considera que a questão dos abusos é “chocante” e acredita que este fenómeno é transversal a vários setores da sociedade.
“Acho que é um problema que choca toda a sociedade, que nos perturba a todos, sobretudo porque não sinaliza só abusos sobre crianças no espaço da Igreja, mas de ser uma realidade mais transversal à sociedade”, declarou à margem de uma aula na Universidade Católica do Porto.
De acordo com Costa, a ministra da Justiça e a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social vão reunir-se com a Comissão Independente, que na segunda-feira divulgou o relatório final sobre os abusos na Igreja Católica em Portugal.
“Há um conjunto de lições a retirar também para outros domínios, porque seguramente aquela realidade não aconteceu só naquele contexto específico”, afirma o chefe do Governo.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022, anunciou o seu coordenador, Pedro Strecht, ao apresentar o relatório na segunda-feira.
Os casos de abusos sexuais revelados ao longo de 2022 abalaram a Igreja e a própria sociedade portuguesa, à imagem do que tinha ocorrido com iniciativas similares em outros países, com alegados casos de encobrimento pela hierarquia religiosa a motivarem pedidos de desculpa, num ano em que a Igreja se vê agora envolvida também em controvérsia, com a organização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa
Esta comissão enviou para o Ministério Público 25 casos de entre os 512 testemunhos validados recebidos ao longo do ano.