Estudo sugere a ligação entre a doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência, e a presença de vírus no cérebro.
A investigação, divulgada na publicação da especialidade “Neuron”, identificou níveis elevados de dois tipos de herpesvírus humanos - 6A e 7 - em amostras de cérebro de pessoas que revelavam sinais da doença de Alzheimer. Contrariamente, os níveis eram mais baixos em cérebros saudáveis.
A abundância destes vírus-chave em cérebros afetados pela doença de Alzheimer pode levar à degradação e morte das células cerebrais (neurónios) ou agir de outra maneira, refere em comunicado a universidade norte-americana do Arizona, que coordenou o estudo.
"Não podemos dizer se os herpesvírus são a principal causa da doença de Alzheimer, mas o que é claro é que perturbam e participam nas redes diretamente subjacentes na patofisiologia da Alzheimer", afirmou, citado em comunicado da universidade, um dos autores do estudo, Joel Dudley, professor de genética e ciências genómicas.
Os herpesvírus humanos 6A e 7, aos quais a maioria das pessoas está exposta no início da vida, entram no organismo através do revestimento nasofaríngeo.
Segundo os investigadores, um dos vírus-chave, o 6A, regula a expressão de alguns genes de risco da doença de Alzheimer e os genes que regulam o processamento da proteína amiloide, um ingrediente importante nesta patologia neurodegenerativa (concentrações da proteína amiloide formam placas no cérebro que são características na Alzheimer).
A informação sobre a função do herpesvírus 6A, obtida a partir da análise do tecido cerebral de doentes, foi complementada com estudos envolvendo ratinhos, nos quais os cientistas avaliaram o efeito da redução de 'miR155', uma molécula que regula o sistema imunitário.
Os resultados revelaram que os ratinhos com menos 'miR155' tinham mais depósitos de placas amiloides no cérebro e alterações comportamentais.
O herpesvírus 6A é conhecido por diminuir a presença desta molécula, o que, de acordo com os cientistas, dá mais peso a um possível contributo dos vírus para a doença de Alzheimer.
Os autores do estudo sustentam que a confirmar-se que vírus ou outros agentes infecciosos desempenham um papel no desenvolvimento da doença Alzheimer, tal pode conduzir a novas terapias antivirais ou imunológicas para combater a patologia antes do aparecimento dos sintomas.