O homem suspeito de matar três pessoas em Paris num ataque a um centro cultural curdo na capital francesa, na passada sexta-feira, está sob investigação formal, informou a procuradoria esta segunda-feira. De acordo com alguns media, deverá aguardar pelo arranque do julgamento em prisão preventiva.
Entre as acusações preliminares apresentadas pelos procuradores contra o suspeito, um homem de nacionalidade francesa de 69 anos, contam-se os crimes de homicídio como crime de ódio e tentativa de homicídio enquanto crime de ódio, mas não de terrorismo como pede a comunidade curda.
O suspeito enfrenta ainda acusações preliminares de aquisição e porte de arma de fogo proibida, adianta o "Wall Street Journal". A decisão sobre se o suspeito aguarda julgamento em liberdade está nas mãos do juiz de instrução que vai ouvi-lo esta tarde em Paris.
No domingo, o alegado atirador, identificado pela imprensa francesa como William M., um maquinista reformado, tinha admitido que nutre um ódio "patológico" a estrangeiros.
O homem era desconhecido dos serviços secretos franceses e da Direção-Geral de Segurança Interna (DGSI), mas estava já referenciado pela polícia, depois de duas detenções, a mais recente em 2021. Tinha acabado de ser libertado depois de ter passado um ano em prisão preventiva na sequência de um ataque a um campo de migrantes num outro bairro de Paris.
Marcha branca em memória de curdos mortos em França
Na capital francesa, realiza-se esta tarde uma marcha branca em homenagem às vítimas do ataque de sexta-feira, na sequência de três dias de protestos desde o tiroteio.
Membros da comunidade curda em França têm protestado nas ruas de Paris, reclamando contra a falta de proteção dos curdos no país, com alguns representantes da comunidade curda a defenderem que as mortes deveriam ser investigadas como um ataque terrorista especificamente dirigido contra esta comunidade.
Milhares de curdos protestaram esta segunda-feira perto do local do atentado, ocorrido quase 10 anos depois de três ativistas curdos em Paris terem sido alvejados.
Já na sexta-feira e no sábado, protestos semelhantes levaram à escalada de tensão durante uma manifestação inicialmente pacífica, que culminou em confrontos com a polícia. As autoridades acabaram por recorrer a gás lacrimogéneo para controlar os manifestantes.
Muitas vezes descritos como um dos maiores povos sem Estado do mundo, os curdos são um grupo étnico muçulmano que vive espalhado sobretudo pela Síria, Turquia, Iraque e Irão.
[atualizado às 15h21]