O Governo terá prometido um prémio de 20% ao anterior acionista da TAP, David Neeleman, na compra das ações detidas pela Atlantic Gateway, avança o Correio da Manhã, esta sexta-feira.
Segundo o mesmo jornal, o denominado "acordo parassocial e de compromissos estratégicos" previa o pagamento do prémio nas situações de bloqueio e de incumprimento da Parpública, sociedade que gere as participações sociais do Estado Português nas empresas em que é acionista.
O acordo secreto terá sido assinado em 2017, entre o Estado - através da Parpública - e a Atlantic Gateway, de David Neeleman. No documento, a que o Correio da Manhã teve acesso, é prometido um prémio de 20% na compra da participação que o empresário norte-americano e Humberto Pedrosa detinham na TAP.
De acordo com o jornal diário, a Parpública foi representada por Miguel Cruz, presidente da sociedade na altura e ex-secretário de Estado do Tesouro, e por Carlos Durães da Conceição, então vice-presidente e ainda nesta quinta-feira foi ouvido na comissão parlamentar de inquérito à TAP.
Ao preço das ações, definido através de uma avaliação independente, seria somado o valor do prémio em causa. À época, o ministério das Infraestruturas estava sob a tutela de Pedro Marques, atual eurodeputado do PS.
Três anos depois, em 2020, Neeleman abandonou a sua participação na transportadora aérea, mas Pedrosa manteve-se até final de 2021. Nesse mesmo ano, devido à pandemia, o Estado e a Atlantic Gateway entraram numa situação de bloqueio sobre o apoio público a dar à TAP.
Nesse sentido, o Estado Português acabou por pagar 55 milhões de euros a Neeleman para que saísse da companhia aérea nacional.