O presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) defende que os quatro anos da próxima legislatura têm condições "para começarmos a reverter" os baixos índices de leitura de Portugal.
O Inquérito às Práticas Culturais dos Portugueses de 2020, publicado esta quarta-feira, indica que 61% dos portugueses não leu qualquer livro nesse ano.
É o reflexo de uma falha de "gerações inteiras, do Estado e da sociedade civil", avalia Pedro Sobral, presidente da APEL, ouvido pela Renascença.
"A tendência é para piorar uma situação que já está grave. Há condições nos próximos quatro anos para inverter os maus hábitos relativos à leitura", considera.
Outro dado preocupante do Inquérito é que os que menos prazer retiram da leitura (43%) são os jovens dos 15 aos 24 anos, precisamente os que mais leem para estudar ou realizar trabalhos escolares (45%).
O presidente da APEL aponta que o livro é visto como "um bem de luxo" e, num país com famílias com salários médios baixos e restrições orçamentais sérias, "é difícil encarar a compra do livro".
Para além disso, Pedro Sobral acredita que o sistema educacional também "falha" na forma como aborda a leitura.
"Mais do que ser um meio de entretenimento, é uma metodologia que nos permite desenvolver a língua, a linguagem e expressar o que queremos e os nossos objetivos", afirma.
Para combater esta realidade, o responsável da APEL apela a que se criem "políticas públicas que dêm apoios às famílias", porque uma casa sem livros "mata a leitura".
"E também programas de incentivo à leitura que envolvam a sociedade civil. O Ministério da Educação, o Ministério da Cultura e o Ministério das Finanças têm de trabalhar em conjunto com o resto da sociedade", defende.