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O poeta Nuno Júdice, os escritores Maria Teresa Horta, Alice Vieira e João Tordo, os atores Leonor Seixas e Maria do Céu Guerra ou o escultor Francisco Simões e o maestro António Vitorino de Almeida estão entre os signatários de um manifesto em defesa da cultura, em tempo de estado de emergência.
Defendem que a cultura “tem um papel fundamental na resposta à crise”, num texto intitulado “A Cultura na Resposta à Crise”, que chegará dia 2 de maio às mãos dos presidentes da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e da Assembleia da República, Ferro Rodrigues; bem como da ministra da Cultura, Graça Fonseca; e dos grupos parlamentares.
Promovido pela escritora Ana Filomena Amaral, o texto, que pode ser assinado por quem quiser até ao próximo dia 30 de abril, defende que o contexto da pandemia de Covid-19 teve “consequências trágicas” em várias áreas, nomeadamente na cultura.
O manifesto, que pode ser rubricado através do e-mail culturanarespostacrise@gmail.com , defende que “em Portugal, como em todo o mundo, temos de reagir à hecatombe.” E de “nos reerguer”.
“Cinema, literatura, música, teatro, dança, circo, artes plásticas e outras expressões culturais assumem um papel insubstituível no dia a dia das pessoas, mesmo que através da rádio, da televisão e da internet. No essencial, assim deverá ser igualmente depois da tempestade que varre o mundo”, pode ler-se no manifesto.
Evocando o “abril da liberdade”, este conjunto de intelectuais, artistas, escritores, músicos e outros agentes culturais afirma “o papel fundamental que cabe (…) às diferentes formas de arte e cultura na resposta à crise”.
No documento agora tornado público pode ler-se o testemunho de alguns dos signatários. O pianista Adriano Jordão refere que “a cultura é a alma de toda a comunidade”; já o poeta António Carlos Cortez afirma que “são milhares de empregos que estão em causa. É a própria identidade europeia que está em causa. É a sanidade coletiva que o exige e o direito a vivermos livres”.
Entre os outros testemunhos, está o do escultor Francisco Simões que diz: “espero por uma vacina eficiente que cure a pandemia. E que as artes e a cultura não sofram nenhuma contaminação, porque para mal já basta assim”.
O texto é também rubricado pela pintora Bela Silva, pela escritora Clara Pinto Correia e pelo jornalista Mário Zambujal que afirma: “a cultura é como a manteiga no pão”.
“Vivemos tempos de profunda incerteza e de receio da situação económica atual do país. Proponho que haja um dia por semana dedicado apenas e só à música portuguesa, nas rádios e televisão pública. A cultura não pode ser cancelada”, pede o músico e cantor Filipe Pinto.
Já o escritor e o professor universitário Rui Zink ironiza dizendo: “um dos azares da cultura é ser como respirar: tão essencial que mal lhe damos valor”.
Também a escritora e dramaturga Joana Bértholo lembra o setor do livro muito afetado pela quebra de vendas. “Detrás de cada livro há uma multidão de pessoas dedicadas: autores editores, revisores, tradutores, paginadores, gráficos, livreiros, bibliotecários, técnicos, distribuidores, promotores, programadores e críticos (…) É precisa muita gente para fazer acontecer a cultura. É urgente dar-lhes condições”.