Arcueil é o nome do novo disco de Joana Gama, um disco que é também um livro. O título francês traduz uma paixão antiga da pianista pela obra do compositor francês Erik Satie que foi nos últimos anos, uma espécie de casa musical para Joana Gama. Em homenagem a essa morada musical, a pianista resolveu dar ao seu novo trabalho o nome do bairro de Paris, onde Satie vivia.
“Arcueil é o nome do subúrbio parisiense onde Erik Satie viveu os últimos 27 anos da sua vida. Eu vou a Paris desde 2012 e é um sítio onde eu vou, sempre que lá vou”, explica Joana Gama ao programa Ensaio Geral da Renascença. A pianista acrescenta que para si, tal como para o compositor francês, Arcueil “significa recolhimento”. Era em Arcueil que nas palavras de Joana, Satie “tinha a paz para compor e exercer a sua solidão.” Sobre o compositor aquém a pianista tem dedicado os últimos anos da sua vida, Joana Gama descreve-o como um homem solitário que compunha em casa, numa “casa onde ninguém entrou”.
O disco que agora lançou pelas editoras independentes Miasoave e BOCA, Joana Gama descreve-o como “um livro que está à volta de um disco”. A pianista recorda que é o segundo álbum em torno da obra do compositor e pianista francês Erik Satie, depois de “Satie.150” que lançou em 2017 por altura dos 150 anos do nascimento de Satie. No livro explica a pianista está um complemento do disco, “porque no livro as obras que estão no disco surgem acompanhadas por textos” escritos por Joana Gama.
Ao publico, Joana Gama quer dar mais do que música. São textos que “falam sobre cada uma das peças e em alguns casos a relação com as obras” refere Joana Gama que soma aos textos também poemas e desenhos, assinados por Vitor Rua, Tiago Cutileiro, Ricardo Jacinto, André Laranjinha, Nuno Moura, e Marco Franco. Na conversa a pianista nascida em Braga em 1983, explica que quem são os outros compositores incluídos no disco Arcueil.
Marco Franco, Federico Mompou, John Cage, Morton Feldman e o português Vitor Rua – fundador dos GNR – são os nomes que constam deste álbum. “É música bastante simples, em alguns casos, repetitiva em que os compositores chegam a esta ideia de menos é mais, de formas muito distintas”. Segundo Joana Gama “a ideia foi mostrar vários compositores que têm esta ideia de economia de meios e de simplicidade que está muito associada a Erik Satie”.
A relação de Joana Gama com as obras de Erik Satie é antiga, este caso amoroso musical começou em 2010, quando a pianista interpretou pela primeira vez obras do francês, no festival Dias da Música, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Desde então, já desenvolveu vários espetáculos em torno de Erik Satie, nomeadamente “I LOVE SATIE”, um recital solo e o espetáculo infantil - “Eu gosto muito do Senhor Satie”.