O presidente do Governo da Madeira afirmou, esta terça-feira, que a situação dos incêndios que deflagraram na segunda-feira na ilha da Madeira está “perfeitamente controlada” e “relativamente consolidada”, apesar de se manterem as condições meteorológicas propícias à propagação do fogo.
“Pensamos que a situação está perfeitamente controlada”, disse Miguel Albuquerque, pouco depois das 16h00, numa conferência de imprensa realizada para efectuar o segundo balanço do dia do executivo sobre os incêndios.
Albuquerque agradeceu publicamente o telefonema que recebeu da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, ao início da tarde, “disponibilizando todos os meios caso a situação se agrave”, e o contacto do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Porém, assegurou que, “neste momento, a região tem os meios necessários”.
O chefe do executivo madeirense referiu que serão mantidos os dispositivos que estão a actuar nos diferentes focos na costa sul da ilha, nomeadamente no concelho do Funchal (Laginhas, Monte, Caminho do Tanque e Corujeira); no concelho da Calheta (zona oeste da ilha), onde se registam duas frentes (Arco da Calheta e Paúl da Serra); e nos Canhas, na Ponta do Sol.
Miguel Albuquerque adiantou que há a registar um ferido grave - um idoso que sofreu queimaduras depois de recusar abandonar a habitação, na freguesia do Monte, e que será transferido para a unidade de queimados do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, no avião da Força Aérea. Há ainda relato de 170 pessoas que tiveram de se dirigir ao hospital devido à inalação de fumo e outras questões relacionadas com os fogos, entre os quais alguns bombeiros que se encontram internados.
O responsável confirmou ainda que dois bombeiros sofreram ferimentos ligeiros na sequência de um acidente ocorrido com uma viatura autotanque da corporação dos Bombeiros de Câmara de Lobos.
Um levantamento provisório aponta para 27 moradias afectadas pelo fogo no Funchal, que não reúnem condições de habitabilidade, sendo 11 na freguesia de São Roque, 13 no Monte, três em Santo António. Além disso, duas unidades industriais de carpintaria “foram totalmente destruídas”, informou.
Além da evacuação do Hospital dos Marmeleiros (hospital público na freguesia do Monte, na zona alta), do qual foram retirados 234 doentes no espaço de duas horas, foi necessário tomar a mesma medida, “por precaução”, no Lar de Santa Isabel da Santa Casa da Misericórdia do Funchal, o que afectou cerca de 60 idosos.
“Foi accionado o Fundo de Socorro Social no valor de 163 mil euros, numa deliberação do governo para apoio à construção de habitações destruídas ou danificadas e para reabilitação de realojamentos”, realçou.
Albuquerque acrescentou que o programa comunitário Proderam (Programa de Desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira) também contempla medidas para recuperação de terrenos agrícolas afectados pelos incêndios e anunciou que foi criada uma linha de emergência (926768743) que funcionará durante 24 horas para prestar todas as informações necessárias neste tipo de situações.
Segundo o presidente do Governo Regional, esta situação adversa “não põe em causa a situação turística” da região.
Ainda assim, a alteração “favorável” das condições meteorológicas (actualmente há vento e temperaturas elevadas, a rondar os 38,1 graus) só está prevista para quarta-feira de manhã.
Sobre a situação do homem de 24 anos detido como presumível autor do incêndio que deflagrou em São Roque, na zona alta do Funchal, Miguel Albuquerque opinou que deveria existir "uma maior vigilância" no caso de pessoas com este tipo de doença.
[Notícia actualizada às 18h23]