Fonte do Governo garantiu esta semana à Renascença que o gabinete do secretário de Estado do Desporto vai receber os signatários de uma carta em que se pede ao executivo apoios para os ginásios e clubes desportivos face ao aumento da fatura energética.
Fonte do executivo diz que falta apenas acertar a data do encontro. Entretanto, será também pedido às associações que façam um levantamento das dificuldades que as estão a afetar.
O aumento dos preços da eletricidade e do gás está a ter um impacto grande nos ginásios e clubes desportivos, que nos complexos com piscina tem-se traduzido em “faturas com valores três a quatro vezes superiores ao que era habitual pagar mensalmente”, denuncia à Renascença o presidente da Federação Portuguesa de Natação.
António José Silva é um dos signatários da carta que seguiu para o gabinete da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, que tem a tutela do desporto, com conhecimento do secretário de Estado da Juventude e do Desporto.
Na missiva, assinada também pelo presidente da Portugal Activo e pela Associação de Clubes de Fitness, os representantes do setor pedem uma reunião, com caráter de urgência, para debater as dificuldades que o aumento da fatura energética acarreta.
Estes responsáveis alertam ainda para “o impacto negativo que terá na saúde e bem-estar da população, caso as piscinas e outros equipamentos desportivos encerrem devido aos custos de operação insuportáveis”.
Pedem, em concreto, que seja criado um mecanismo legal para “apoiar a liquidez das empresas mais afetadas pelos aumentos excecionalmente acentuados do preço do gás natural, através de um incentivo a fundo perdido que facilite a continuidade da atividade económica, à semelhança do que acontece para apoiar a indústria”.
“Subida galopante dos custos leva ao encerramento de piscinas”
As estruturas desportivas com piscinas já não sabem que contas podem fazer depois de terem recebido faturas com milhares de euros para pagar.
O presidente da Federação Portuguesa de Natação reconhece que as dificuldades são muitas por causa da “subida galopante da fatura energética” e diz que “há piscinas que já fecharam, nomeadamente o complexo de piscinas da Albergaria-a-Velha e outras que já notificaram que querem fechar”.
Isto apesar de os responsáveis terem adotado políticas de poupança, como, por exemplo, baixar a temperatura da água para os 26 graus, tal como o Governo recomendou, “uma medida que está a ser aplicada transversalmente a todas as instalações desportivas”, acrescenta António José Silva.
Clube Desportivo da Boa Hora recusa pagar fatura de 4 mil euros
Sem nada o fazer prever, chegou ao Clube Desportivo da Boa Hora, na Ajuda, em Lisboa, uma fatura de gás no valor de 4 mil euros, que o presidente do Clube, José Ramos, assegura que não vai pagar.
À Renascença, garante que tem os “pagamentos em dia”, que os valores das faturas rondam os 300, 400 euros, mas agora com esta nova conta para pagar, reconhece que não sabe como vai ser. José Ramos diz que dá atempadamente as leituras e que sempre pagou aquilo que foi pedido. Indignado, fala em “loucura” e diz que não encontra justificação para a conta que agora apareceu, repetindo que se recusa a pagar.
"Caso o gás seja cortado", questiona este responsável desportivo, “como é que os atletas tomam banho?” São centenas os atletas que, diariamente, passam pelo Clube da Boa Hora, para a prática de desportos como ténis, padel, crossfit, musculação, assim como para os desportos coletivos como futsal, andebol, basquetebol e vólei.
A todos é pedido que apaguem as luzes das salas e corredores por onde passam e aos concessionários foi pedido que paguem o que gastam. Nesse sentido foram sensibilizados a instalar contadores próprios, sendo que “dois deles já estão a tratar de colocar os contadores".
Já "quanto ao aluguer do pavilhão, também pedimos um pequeno aumento”, adianta José Ramos, reconhecendo que é “aborrecido estar a pedir mais dinheiro” tendo em conta que a época já começou.