O bispo de Viana do Castelo dirige, nesta quinta-feira, a sua primeira mensagem de Natal aos diocesanos, na qual afirma que “celebramos o Natal de Jesus de Nazaré na expectativa, na esperança, mas também na perplexidade, no receio e no sofrimento”.
D. João Lavrador diz sentir o dever de convidar cada pessoa, cada comunidade e a sociedade em geral a não ter “medo de aceitar e de se abrir a esta novidade que constantemente nos desafia, na nossa inteligência, na nossa sensibilidade, nos nossos objetivos e critérios, nos nossos modelos de vida e nas nossas dúvidas e certezas”.
“Estamos envoltos no medo, mais nítido ou encapotado” e “o homem atual tem medo de si mesmo, dos outros, do futuro, da renovação e da mudança de comportamentos”, afirma.
“Instalado no seu conforto, olha para os outros com medo de o retirarem do seu comodismo”, sublinha. Por isso, o bispo de Viana do Castelo entende ser “urgente escutarmos a voz que, tal como o Anjo junto dos pastores de Belém, convida a não ter medo e a avançar no caminho que nos leva ao encontro dAquele que todos procuram, que não se restringe a uma ideologia, a um projeto mundano ou a uma construção racional ou social, mas que, para saciar a sede de infinito do ser humano, só poderá ser o ‘Messias Senhor’”.
D. João Lavrador deixa um segundo convite que “diz respeito à alegria” e insiste na necessidade de mudança na sociedade.
“Se estamos num mundo de medos que ergue muros de separação entre uns e outros, pobres e ricos, excluídos e instalados, poderosos e escravos, cultos e analfabetos, miséria e opulência, então, é urgente percorrer outro caminho que nos é apontado e que nos leva ao encontro de Jesus de Nazaré que nos ensina com gestos concretos os fundamentos de uma nova humanidade”, reforça.
O prelado confessa que partilha “do sonho do Papa Francisco, quando diz que ‘como cristãos, não podemos esconder que, se a música do Evangelho parar de vibrar nas nossas entranhas, perderemos a alegria que brota da compaixão, a ternura que nasce da confiança, a capacidade da reconciliação que encontra a sua fonte no facto de nos sabermos sempre perdoados-enviados’” (FT 277).
O bispo não termina a sua mensagem de Natal sem um terceiro convite, “dirigido para a missão que compete a cada um em tornar visível e efetiva a ação renovadora do Evangelho”.
Apela ainda que, “neste Natal, os pobres e excluídos se sintam na Igreja ‘como na sua verdadeira casa’; que a comunidade cristã seja a sua verdadeira família; e que se sintam reconfortados e dignificados pelo amor e comunhão que brota da prática da fé cristã”.
“Se todos nos empenharmos, do Natal nasce um mundo novo”, conclui.