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A Covid-19 ultrapassou já as mil mortes em Espanha e superou já os 20 mil casos positivos, de acordo com os últimos dados revelados ao início da noite desta sexta-feira em Madrid.
No total morreram 1.041 pessoas, 1.588 pacientes recuperaram, 1.141 estão nos cuidados intensivos e, pelo menos, foram já identificados 20.410 casos. “Ainda assim, o aumento de casos positivos é menor 16,5% e está alinhado com a evolução dos dias anteriores”, sublinhou o diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências de Saúde, Fernando Simón, na conferência de imprensa diária no Ministério da Saúde, em Madrid.
Fernando Simón pretendeu destacar “uma boa notícia” a de, se os internamentos nas UCI, unidades de cuidados intensivos são muito longos – “até 28 dias” – “já começam a ter lugar algumas altas” nestas unidades, em Madrid hoje surgiram seis altas.
“Infelizmente”, indicou Fernando Simón, as autoridades contabilizaram um número de mortos “a superar o milhar”. “Estamos a tentar dar as maiores garantias de sobrevivência a todos os nossos pacientes, mas há algumas garantias que infelizmente não posso dar”, reconheceu Simón.
Do total de casos positivos notificados 52% encontram-se hospitalizados e “como sempre, há variações em função das comunidades autonómicas de Espanha", mas Simón indicou que em algumas dessas regiões a suspeita das transmissões é maior do que os dados possam sugerir.
Por regiões autonómicas a Comunidade de Madrid está na frente dos contágios com 7.165, seguida da Catalunha com 3.270 e o País Basco com 1.465.
Das comunidades autonómicas que partilham fronteira com Portugal, a Galiza apresenta 578 infetados e 8 mortos (três esta sexta-feira à tarde), Castilla y León 1.1147 e 43 mortos, Extremadura 297 e 10 mortos e, por último, na descida geográfica de norte para sul, mas não menos importante, vem o caso mais grave, a Andaluzia com 1.287 mortos e 30 mortos.
Por que se morre mais em Espanha que na Alemanha? É difícil de explicar
A conferência de imprensa de Fernando Simón teve um momento de maior tensão quando a pergunta da Cadena Cope implicou comparar o número de infetados e de vítimas mortais em Espanha e na Alemanha. Apurar a razão de se registarem mais falecimentos no país vizinho "não é uma tarefa fácil", reconheceu o próprio diretor, do equivalente espanhol à portuguesa DGS, ao ser confrontado com o caso alemão, que com mais de 15 mil contágios só registou 44 mortos.
“Não consigo explicar. Estamos todos os técnicos de saúde e os responsáveis focados na atividade diária interna que nos absorve, mas estamos também a fazer um esforço para entender o que acontece na Europa e em todos os outros países”, disse Fernando Simón.
O especialista afirmou que “por agora se desconhece se há um diferente sistema de notificação de casos ou se é uma diferença de cenário que, em princípio, é o que parece ser”.
Travar as mortes nos lares de idosos
A morte de idosos em lares de terceira idade está a atingir números preocupantes em Espanha com várias comunidades autonómicas a tentar aplicar soluções urgentes como separar residentes saudáveis de outros infetados pelo coronavírus em várias regiões do país vizinho.
Esta sexta-feira a UME (Unidade Militar de Emergências) já atuou em lares de terceira idade e ‘casas de repouso’ da Comunidade de Madrid para desinfetar as instalações, uma medida considerada pelo vice-presidente madrileno (a presidente está infetada) como “muito necessária por se tratar de lugares especialmente vulneráveis”.
No lar de idosos Monte Hermoso, de Madrid, um dos focos onde a COVID-19 causou mais mortes nas mesmas instalações – 17 utentes – os familiares dos idosos mostram, aos media espanhóis, grande nervosismo pela falta de dados fiáveis, porque suspeitam que o número de mortos pode chegar aos 30.
O interior do edifício do lar Monte Hermoso foi desinfetado, retirado material sanitário e vários doentes foram conduzidos ao hospital, mas uma porta voz dos familiares insiste em que “não se sabe como estão os que permanecem no interior, nem quantos se contagiaram, nem o número exato de falecidos”.
Ao mesmo tempo o Ministério de Saúde espanhol determinou a adoção de medidas imediatas em todas os lares de idosos, um universo onde tiveram lugar dezenas de mortes nos últimos dias e onde continuam a ser confirmados novos casos a cada dia que passa.
Nesta sexta-feira o surto provocou a morte de cinco residentes do lar de Santa Oliva em Olesa de Montserrat (Barcelona) que tem outros doze hospitalizados e em Castilla y León são já 22 as mortes associadas ao coronavírus em idosos que viviam em casas de repouso.
Em Castilla y León 121 idosos residentes em lares estão hospitalizados e outros 821 em quarentena o que faz supor que a metade de todos os falecidos na região autonómica viviam em lares de idosos.
Ainda assim, a responsável pela pasta da saúde no governo autonómico de Castilla y León, Isabel Blanco, veio sublinhar que o total de idosos hospitalizados são apenas 0,2 do total de residentes nos lares, atestando que a maioria dos idosos a viver nessas instituições estão livres do vírus.
Já na Andaluzia, as autoridades trabalham em duas direções: por um lado, aplicar “um controlo exaustivo com testes a todos os trabalhadores de lares de idosos e, por outro lado, a separar os residentes contagiados”. O secretário da saúde, Jesús Aguirre, diz que já há casos em lares de idosos das principais cidades, em particular em Málaga e Granada.
O governo regional vai determinar visitas a todos os 700 estabelecimentos deste tipo, público e privados, porque “são o degrau mais débil da cadeia epidemiológica”, segundo Jesús Aguirre.
A complexidade da situação não impede que se procurem fórmulas para combater o crescente isolamento dos residentes que não podem receber visitas, como em Mahón, com o lar geriátrico local a colocar em prática um sistema para ligar, diariamente, por videoconferência os idosos às suas famílias.