A chefe de gabinete de João Galamba contradiz o próprio ministro sobre a chamada do SIS no caso da recuperação de uma computador do ministério das infarestruturas.
Numa longa audição parlamentar, esta quarta-feira, Eugénia Correia Cabaço assumiu responsabilidade pelos contactos com as Secretas sem contacto prévio com João Galamba, versão que contraria a já avançada pelo próprio ministro que havia assumido a responsabilidade do processo que desencadeou tudo.
Na última noite, Eugénia Correia Cabaço garantiu que o contacto com as secretas foi feito sem conhecimento prévio do ministro das infraestruturas.
O objetivo,diz, era recuperar todos os documentos relevantes do dossier TAP.
"Depois de ter efetuado...pedido uma chamada para o SIRP, sim, recebi uma chamada do SIS. Reportei que tinha sido levado do Ministério das Infraestruturas um computador onde estavam incluídos documentos classificados, bem como todos os documentos relevantes referentes à TAP dos últimos anos", afirmou Eugénia Correia Cabaço.
Nesta audição parlamentar, a chefe de gabinete de João Galamba garantiu nunca ter intenção de esconder as notas do agora ex-adjunto do ministro.
Antes, também no Parlamento, Frederico Pinheiro afirmou que o ministério pretendia impedir que chegasem ao Parlamento as suas notas sobre os encontros entre deputados socialistas e a então CEO da TAP. O ex-adjunto recordou o que está em causa.
"O que as notas que eu tenho da reunião de 17 de janeiro, que envolveu o grupo parlamentar do PS, demonstram que o deputado Carlos Pereira indicou as perguntas que pretendia efetuar na reunião, a senhora CEO indicou as respostas que daria àquelas perguntas e eu próprio recordei à CEO da TAP as indicações que lhe tinham sido transmitidas na reunião do dia anterior sobre a estratégia comunicacional", disse Frederico Pinheiro.
Ao todo, foram 12 horas de audição parlamentar, onde o ex-adjunto de Galamba acusou ainda o ministro de o ter ameaçado com violência física. Da audição há ainda uma troca de acusações sobre agressões mútuas entre elementos do gabinete e Frederico Pinheiro.
A Renascença tentou confirmar junto do Ministério Público se as declarações feitas ontem no âmbito desta comissão motivaram algum novo inquérito, mas apenas recebeu como resposta a confirmação da "existência de um inquérito" que, como já era "do domínio público", tem por objeto "os factos ocorridos no Ministério das Infraestruturas e aqueles que com os mesmos se encontrem relacionados". O Ministério Público adianta, na mesma resposta, que o inquérito está a ser dirigido pelo DIAP Regional de Lisboa e se encontra "em segredo de justiça".
Para o final da tarde desta quinta-feira está agendada a audição de João Galamba.
[notícia atualizada às 10h37 de 18 de maio de 2023]