A advogada de João Rendeiro revelou que foi chamada esta sexta-feira para identificar o corpo do ex-presidente do BPP, encontrado morto na prisão de Westville, em Durban, e que vai iniciar os procedimentos da trasladação para Portugal.
"Pediram-me para identificar o corpo. Estou à espera da chamada do responsável da investigação para ir. Depois, irei tratar dos procedimentos para a trasladação", afirmou June Marks à Lusa, acrescentando que a morte do ex-banqueiro, de 69 anos, encontrado enforcado nesta cadeia da África do Sul, "foi um grande choque" e que "ninguém estava à espera".
Apesar de já ter adiantado anteriormente que as autoridades sul-africanas tinham lançado uma investigação para apurar as circunstâncias da morte de João Rendeiro, a mandatária do ex-banqueiro admitiu não ter muitas expectativas sobre essas diligências: "Duvido que descubram muito mais na investigação".
Contactado pela Renascença, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) está a acompanhar o caso da morte do antigo banqueiro João Rendeiro, encontrado morto na cela que ocupava na prisão sul-africana onde estava detido.
Na nota enviada lê-se que a diplomacia tomou conhecimento formal da morte de Rendeiro esta sexta-feira de manhã. “A rede diplomática e consular na África do Sul está a acompanhar a situação e em contacto com as autoridades sul-africanas, a procurar mais informações sobre o que tenha ocorrido.”
O gabinete de João Gomes Cravinho refere ainda que, “como em qualquer situação que envolve um cidadão nacional, será prestado o apoio habitual nestes casos”.
Detido em 11 de dezembro na cidade de Durban, após quase três meses fugido à justiça portuguesa, João Rendeiro foi, então, presente ao juiz Rajesh Parshotam, do tribunal de Verulam, que lhe decretou no dia 17 de dezembro a medida de coação mais gravosa, colocando-o em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Westville.
O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já transitou em julgado e não admite mais recursos, com João Rendeiro a ter de cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses.
Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não transitaram em julgado.
O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.