Hélder Amaral, ex-deputado do CDS, em entrevista à Rádio Observador, não poupou críticas à forma como a direção de Francisco Rodrigues dos Santos geriu o partido, nomeadamente na gestão da dívida.
“Muitos dirigentes geriram até ao congresso apenas a mesada dos pais”, atirou o ex-deputado e antigo dirigente, fazendo referência à inexperiência dos dirigentes dessa direção, fruto da sua juventude.
Mas não ficou sem resposta. O Congresso de Guimarães agitou-se por momentos. Depois de todas as moções serem apresentadas no Congresso, a direção de Francisco Rodrigues dos Santos pediu a palavra. Francisco Tavares, secretário-geral do CDS, por quem passa a gestão financeira do partido, respondeu à letra, com uma farpa às direções que antecederam a de Rodrigues dos Santos.
“Gerir um partido como se de uma mesada se tratasse é um luxo a que eu não tive direito. E sabe porquê? Porque o partido portou-se como os socialistas, gastaram mais do que o que tinham”, disparou Francisco Tavares, numa intervenção de menos de três minutos.
O ainda secretário-geral do CDS considera que “o partido precisa de [pessoas] mais jovens e de [pessoas] menos jovens”. Francisco Tavares terminou por dizer “eu não vou para a lama, como gostam de ir. Mas como diz o povo: quem não sente, não é filho de boa gente”.
E quando a questão parecia sanada, com ataque e contra-ataque, Hélder Amaral pediu a palavra para responder. Quando subiu ao púlpito, usou a cartada da experiência. “Quero dar um abraço ao secretário-geral do partido, temos muitos anos disto. Sou muito conhecido no partido. Tenho também muito dinheiro gasto no partido”, disse o ex-deputado.
O início da intervenção foi sendo marcado por protestos de membros afetos à direção de Francisco Rodrigues dos Santos, vindos da plateia. O presidente do Congresso pediu silêncio. Hélder Amaral desvalorizou: “Não faz mal! Com a mesma liberdade que eu usei as minhas expressões, tenho de aceitar a liberdade dos outros congressistas”.
Hélder Amaral defende que “nunca desrespeitou” ninguém no CDS e aproveitou o tempo de antena para voltar a criticar a atuação da direção de Francisco Rodrigues dos Santos e a apontar problemas com a idade. “Foi cedo de mais, que dirigentes valorosos chegaram ao partido. Quero que eles permaneçam no partido, têm muito a dar. Mas precisamos de uma mudança”, atira Hélder Amaral.
“Direi sempre o que penso”, garantiu Hélder Amaral, antigo deputado, eleito pelo círculo de Viseu. O ex-dirigente assegura que não vai “mudar”, e destaca a dimensão da liberdade dentro do CDS-PP. “Se esse partido não tolera opiniões diferentes, então este não é o CDS que eu conheço”, atira Hélder Amaral, que saiu depois do palco.