Em França já foram detidas mais de 500 pessoas e intercetadas e identificadas mais de 600 em dia de nova manifestação dos coletes amarelos.
Os detidos são pessoas que não passaram nas revistas da policia, que está em peso nas principais ruas de Paris, ou que se envolveram em confrontos com as autoridades.
Há ainda notícia de pelo menos 30 feridos.
As imagens que chegam de Paris mostram constantes trocas de granadas de gás lacrimogéneo, lançados pela polícia e devolvidos pelos manifestantes, bem como alguns incêndios e lançamento de projéteis contra as forças de segurança. Perante a dimensão do contingente policial nos Campos Elísios, muitos manifestantes espalharam-se para outras zonas próximas, incendiando caixotes do lixo e até veículos. As estimativas, por volta das 13h45, são de cerca de 31 mil manifestantes em todo o país, com os focos de maior tensão a viverem-se na capital.
Esta manhã o ministro do Interior já esteve coma as forças de segurança nos Campos Elísios, em Paris, ponto central das manifestações das ultimas semanas. O primeiro-ministro Edouard Philippe fez uma curta declaração em que agradeceu a todos os que têm apelado à calma e apelou a todos os que simplesmente se querem manifestar para que não se misturem com "quem quer causar violência, pilhar e roubar".
"Queremos continuar a conversar com os representantes deste movimento", afirmou o primeiro-ministro. Há informação ainda de que o Presidente Macron irá falar na segunda-feira, às 20h locais.
O Governo francês teme o regresso da violência às ruas e mobilizou cerca de 90 mil agentes para a manifestação deste sábado, cerca de 8 mil apenas em Paris.
O português Fernando Engler, um tradutor que vive em França, fala de protestos um pouco por todo o pais. "Há notícias de bloqueios em Marselha, Estrasburgo, Lyon, Paris, Bordeus e uma tentativa de bloqueio ao porto de Calais. Os manifestantes pretendem causar um rombo à economia nacional e local. O bloqueio aos portos causa um enorme prejuízo. Há postos de abastecimento bloqueados por todo o país, incluindo na Córsega e há notícia de uma tentativa de incêndio a uma esquadra da brigada de trânsito das autoestradas."
Como medida de precaução vão estar fechados dezenas de museus e locais turísticos, entre eles a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo e o Museu do Louvre e os comerciantes foram aconselhados a não abrir portas.
Na base das manifestações dos "coletes amarelos", que já decorrem há semanas, está a subida do imposto sobre os combustíveis. A medida já foi suspensa pelo Governo, mas não está a travar os protestos em França.
"Situação bastante pacata"
Apesar da tensão que se vive perto dos Campos Elísios, o vereador da Câmara Municipal de Paris Hermano Ruivo desdramatiza.
"Temos um dispositivo policial muito consequente, que faz sobretudo o trabalho de controlo. A polícia controla as mochilas, porque já se averiguou que algumas tinham coisas que se podiam utilizar para confrontos, daí as detenções, mas a situação nesta altura é bastante pacata. Há uma concentração nos campos elísios, que é simbolicamente o ponto onde os Coletes Amarelos querem chegar. O resto de Paris está tranquilo. Claro que tudo foi preparado", diz o luso-francês.
Os protestos na capital francesa obrigaram também a que a Liga de Futebol Profissional francesa adiasse seis dos dez jogos marcados para este fim-de-semana, incluindo o jogo em casa da principal equipa de Paris, o Paris Saint Germain, que enfrenta o Montepellier.
Nem só em França existe tensão. Uma manifestação em Bruxelas, também de autoproclamados "coletes amarelos", concentrou-se à frente da embaixada dos Estados Unidos. A polícia já interveio para tentar dispersar o protesto. Há também informação de protestos semelhantes na Holanda.
A forte presença policial em Paris parece ter evitado situações de maior violência, mas com imagens de aparente uso excessivo de força por parte de alguns polícias a circular nas redes sociais, teme-se que o cair da noite traga mais gente para as ruas e confrontos mais graves.
[Notícia atualizada às 15h11]