O presidente do Benfica, Rui Costa, assume que, apesar de querer manter os jogadores mais importantes, todos os clubes portugueses estão à mercê do poderio financeiro das equipas mais ricas da Europa.
Em entrevista ao jornal "A Bola", Rui Costa reitera que Enzo Fernández só sai em janeiro se baterem o valor da cláusula de rescisão (120 milhões de euros) e lembra que os adeptos do Benfica "não estão a contar os milhões que podem estar no banco, o que contam são os títulos". Ainda assim, o dirigente encarnado assume que os clubes portugueses não se podem "comparar com os colossos financeiros que andam por aí".
"Nem eu nem ninguém no futebol português está em condições de dizer que não venderá ninguém. Por um lado, os clubes precisam, por outro os jogadores querem, porque a verdade é que não vivemos na Liga com maior projeção no futebol internacional", assume.
A janela de transferências de janeiro "vai trazer entradas e saídas", confirma Rui Costa. No entanto, só será utilizada para fazer ajustes.
"As saídas que pretendemos são as que já foram referidas: o Rodrigo Pinho já foi para o Coritiba e outros jogadores menos utilizados irão à procura de outros caminhos. Quanto a entradas, e porque a equipa até aqui fez um bom percurso, o mais importante é não desestabilizar o grupo de trabalho. Não entrará nenhum craque, com o nome já feito. Haverá soluções que visam o equilíbrio, alguns acertos, mas sem exageros", explica o presidente do Benfica.
Roger Schmidt ao nível de Sven-Goran Eriksson
Rui Costa mostra-se muito satisfeito com o trabalho de Roger Schmidt, "uma lufada de ar fresco, tal como aconteceu com Eriksson" e cujo estilo de jogo vai ao encontro da "matriz histórica do Benfica".
"Schmidt está a ajudar-nos a mudar o espírito e a mentalidade", explica o líder encarnado, que escolheu o treinador alemão a dedo.
Apesar de se focar nos resultados desportivos, Rui Costa lembra que tem de continuar a "fazer uma gestão assertiva". Ainda assim, garante: "Não sou obcecado pelo dinheiro, sou obcecado pelas vitórias."
Ser presidente do Benfica "não foi uma escolha"
Nesta entrevista ao jornal "A Bola", Rui Costa recorda, ainda, o dia em que se tornou presidente do Benfica. Aconteceu no dia 9 de julho de 2021, após a constituição como arguido de Luís Filipe Vieira, no âmbito da operação "Cartão Vermelho", por suspeitas de burla qualificada, fraude fiscal, branqueamento de capitais, falsificação, entre outros crimes.
"Nesse dia, estava a fazer o meu trabalho no Seixal, como administrador para o futebol, e umas horas depois estava a ser apresentado para dirigir o Benfica. E não foi fácil. Não só pela minha parte, como pela parte de Luís Filipe Vieira, que tinha acabado de sair pelas razões conhecidas. Foi um dia muito complicado, de grande nervosismo e tensão", conta.
Rui Costa explica que assumir a presidência do Benfica, naquele dia, "não foi uma escolha, foi uma necessidade". "Ou era um rato e fugia, ou encarava o problema de frente e assumia e dava a cara", sublinha.
Os três meses antes das eleições, até outubro de 2021, "foi perceber (...) se tinha, ou não, capacidade para ser presidente do Benfica". A resposta foi positiva e Rui Costa está mais perto de completar o ciclo sonhado:
"Não apontava que isto acontecesse aos meus 50 anos. Apontaria, eventualmente, muito mais para a frente. (...) Nunca escondi que gostaria de ter no Benfica um percurso completo. Em primeiro lugar adepto, depois apanha-bolas, jogador das camadas jovens, profissional, com uma saída para o estrangeiro, mas sempre muito ligado ao clube, voltar para terminar a carreira de jogador, dirigente, presidente e a seguir, novamente aquilo que sempre fui, um adepto. Este é o meu círculo completo."