A administração do Hospital Garcia de Orta, em Almada, nega a demissão de 10 chefes da equipa de urgência, avançada esta quinta-feira em comunicado da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e reiterada à Renascença pelo presidente João Araújo Correia.
De acordo com uma nota enviada também à Renascença pela assessoria de imprensa da unidade hospitalar, “nenhum diretor de serviço se demitiu”, tendo apenas havido uma reunião entre o diretor clínico e “um grupo de chefes de equipa do serviço de urgência geral”, que tinha enviado uma carta a “alertar para alguns problemas internos”.
Segundo o comunicado do SPMI, os chefes de equipa – “e outros tantos internistas” – enviaram uma carta à direção a pedir a demissão devido à “decisão do conselho de administração de retirar a cirurgia geral da presença física no serviço de urgência”.
“É evidente que isso levará a um esgotamento ainda maior dos internistas na Urgência, para além de pôr em perigo os doentes do foro cirúrgico, que ficam dispersos numa amálgama de doentes ainda maior”, explica o texto.
A administração do Garcia de Orta acrescenta que, na reunião realizada esta quinta-feira, “foram esclarecidas as dúvidas existentes e assumido o compromisso, por parte do conselho de administração, de adoção de medidas possíveis” para resolver as questões em causa. Para além disso, foi “marcada nova reunião para a primeira quinzena de outubro”.
O que está afinal em causa?
Em declarações à Renascença, João Araújo Correia explicou que a medida da administração deixa a medicina interna sozinha na urgência e, por isso, "não faz sentido absolutamente nenhum".
"Todos os doentes, médicos e cirúrgicos, passam a ter de ser observados e orientados por medicina interna e o cirurgião vem depois do doente estar observado, para validar essa observação e dizer se o doente precisa ou não de ser operado", esclareceu.
O presidente da SPMI frisou ainda que os médicos em causa "não vão deixar de trabalhar", mas tiveram de tomar esta medida porque "consideram posta em causa a própria especialidade" e "não podem cooperar e estar de acordo com uma situação que põe em causa a segurança" dos doentes.
O SIM adianta que "vai fazendo chegar ao bastonário da Ordem dos Médicos as situações em que as equipas de urgência estão com um número de profissionais abaixo dos níveis desejados".
[Notícia atualizada ás 0h10 de 13/09]