Vacinar crianças contra a Covid. O que podemos esperar?
24-11-2021 - 11:40
 • Miguel Coelho

O tema é polémico, mas cada vez parece mais próxima a autorização para o uso da vacina contra a Covid-19 a partir dos cinco anos.

Veja também:


Vacinar ou não vacinar os menores de 12 anos é a questão que se tem levantado nos últimos dias, enquanto se aguarda a decisão do regulador europeu.

Quando haverá decisão oficial?

Decisão ao nível europeu pode ser tomada já na quinta-feira. Está agendada uma reunião extraordinária dos peritos da Agência Europeia do Medicamento (EMA), para analisar o alargamento da vacina a crianças entre os 5 e os 11 anos.

Para já, é a vacina da Pfizer que está em análise.

Se houver autorização do regulador, Portugal vai vacinar as crianças?

Não é automático. A decisão da EMA é importante, mas não será a única a ter em conta – a Direção-Geral da Saúde (DGS) pediu também um parecer técnico ao grupo de trabalho de pediatras criado no verão passado para se pronunciar sobre a vacinação dos adolescentes e esse grupo, ao que a Renascença apurou, tem uma primeira reunião marcada para amanhã, quinta-feira.

De recordar que, há uns meses, quando a EMA recomendou a vacinação das crianças dos 12 aos 15 anos, houve bastante polémica e a DGS preferiu aguardar pelos resultados de mais estudos. Só mais tarde, quando já havia uns 15 milhões de jovens vacinados nos Estados Unidos e na União Europeia, é que arrancou em Portugal a vacinação daquela faixa etária.

O que dizem os pediatras?

Os pediatras são cautelosos, porque há poucos estudos. A imunização das crianças ainda é relativamente recente e o número de menores desta idade vacinados em todo o mundo não permite ainda tirar conclusões definitivas.

A Sociedade Portuguesa de Pediatria considera que as vacinas contra a Covid-19 são seguras também em crianças, mas defende que a decisão de vacinar deve ter em conta outros dados, como a gravidade e a prevalência da infeção.

Mas porque é que se começou agora a falar na vacinação das crianças mais pequenas?

Na maior parte das situações, nas crianças, a Covid-19 é uma doença assintomática ou ligeira e são raros os casos graves que obrigam a internamento.

O problema é que as crianças, como não estão vacinadas, são nesta altura um dos principais veículos de transmissão da Covid-19.

Em Portugal, a faixa etária até aos 9 anos é a que regista a incidência mais elevada. Na semana passada, a média nacional rondava os 200 casos por 100 mil habitantes, enquanto nesta faixa etária chegava aos 300 casos pelo mesmo número de pessoas.

O que está a acontecer noutros países?

Alguns já começaram a vacinar as crianças mais novas – desde logo, os Estados Unidos, que iniciaram a vacinação crianças a partir dos 5 anos há três semanas.

No Canadá, esse processo está agora a começar. Na terça-feira, abriram os agendamentos para vacinação das crianças.

Em Israel, também começaram ontem a ser vacinadas as primeiras crianças a partir dos 5 anos, enquanto a China está há um mês a vacinar crianças a partir dos três anos.

A própria região de Macau já começou esta semana também a vacinar nessas idades.

Na América Latina, o Chile, por seu lado, começou em setembro a vacinação dos maiores de 6 anos e Cuba também desde setembro está a vacinar a partir dos dois anos.

As crianças levam a mesma vacina dos adultos?

A vacina é a mesma, as doses também, mas a dosagem não. A vacina da Pfizer, que é a que está em análise na Agência Europeia do Medicamento, as crianças recebem uma dose que é um terço da que é administrada aos adultos.