A Guarda Presidencial da República Centro-Africana (RCA) disparou sobre um contingente de ‘capacetes azuis’ das Nações Unidas e feriu 10 militares, anunciou esta terça-feira a missão da ONU em Bangui.
Uma pessoa morreu após ter sido atropelada por uma viatura da Organização das Nações Unidas (ONU) quando fugia do local.
Em comunicado, a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (Minusca) condenou o tiroteio, registado perto do Palácio Presidencial, o qual considerou como "deliberado e injustificável".
O porta-voz da Presidência centro-africana, Albert Mokpem Yaloke, apelou à calma e disse ter-se tratado de um “incidente” que está já a ser investigado.
“Lamentamos a morte do nosso compatriota e apresentamos as nossas mais profundas condolências à família”, acrescentou.
O incidente de segunda-feira registou-se depois de um quadro civil da Minusca ter entrado no perímetro de segurança do Palácio Presidencial, segundo o porta-voz da missão da ONU, Vladimir Monteiro.
“Depois da troca de tiros decidimos abandonar o local”, explicou.
O incidente ocorre após crescentes receios pela falta de segurança em Bangui na eventualidade de outro ataque rebelde.
Em janeiro, os rebeldes tentaram tomar a capital, mas foram repelidos pelas forças governamentais após intensos combates nos arredores da cidade.
O Presidente centro-africano, Faustin Archange Touadera, propôs recentemente um cessar-fogo aos rebeldes, embora tenha dito que as forças do governo ainda poderiam agir em autodefesa.
O inesperado gesto de Touadera gerou especulações de que estava mais vulnerável aos grupos armados que se lhe opõem.
A tensão entre o Governo e a ONU aumentou depois da Minusca ter apelado às autoridades para deixarem de contar com o grupo Wagner, que integra sobretudo mercenários ex-militares russos, que assegura a segurança de Touadera.
As Nações Unidas impuseram um embargo de armas à República Centro-Africana devido à presença dos mercenários.
A missão da ONU, que conta atualmente com mais de 12.000 militares e polícias, foi enviada para o país rico em minerais em 2013, quando os rebeldes, predominantemente muçulmanos Seleka tomaram o poder e forçaram o então Presidente François Bozize a deixar o cargo.
O atual contingente português na Minusca é composto por 180 militares, a maioria do 1.º Batalhão de Infantaria Paraquedista do Exército Português.
Portugal tem atualmente 20 militares na República Centro-Africana, que integram a missão de treino da União Europeia (EUTM-RCA).
Este contingente multinacional foi liderado por Portugal entre setembro de 2020 e setembro deste ano, quando o comando foi transmitido à França.
No âmbito desta missão, de acordo com o Ministério da Defesa português, "Portugal manteve no terreno um contingente de 61 militares, que ajustará para 20 militares com a transferência do comando para França".