A Boeing despediu o diretor do programa de aviões 737 Max. A alteração na liderança foi anunciada esta quarta-feira num comunicado aos trabalhadores pelo diretor da divisão de aviões comerciais da Boeing, e acontece quase dois meses depois de um avião da Boeing ter perdido um painel em pleno voo, sendo obrigado a uma aterragem de emergência.
Ed Clark era o diretor do programa de aviões 737 Max, assim como da fábrica norte-americana da Boeing em Renton, nos subúrbios de Seattle, no estado de Washington. É dessa fábrica que sai a maioria dos Boeing 737 Max, em todas as variantes.
Clark vai ser substituído por Katie Ringgold, a atual vice-presidente das entregas dos aviões 737, segundo a notícia avançada inicialmente pelo "Seattle Times".
No anúncio aos trabalhadores, a Boeing comunicou que as mudanças têm a intenção de impulsionar "um foco aprimorado em assegurar que todos os aviões que entregamos cumpram ou excedam todos os requisitos de qualidade e segurança".
Boeing em turbulência desde 2018
Ed Clark chegou à liderança do programa dos aviões 737 Max em 2021, ano em que o programa voltou ao ativo e acelerou a produção após uma paragem forçada devido a dois acidentes mortais.
O primeiro avião do programa foi o 737 MAX 8, que entrou em serviço comercial em maio de 2017. Sofreria o primeiro acidente mortal em 29 de outubro de 2018, num voo da Lion Air que caiu no mar de Java 13 minutos depois de escolher, em que todos 181 passageiros e 8 membros da tripulação morreram.
Meses depois, a 10 de março de 2019, um voo da Ethiopian Airlines sofreu o mesmo destino, caindo seis minutos depois de levantar voo de Adis Abeba, a capital da Etiópia. Todas as 157 pessoas a bordo morreram.
Em poucos dias, todos os 387 aviões 737 MAX em serviço foram proibidos de voar em todo o mundo. Os Estados Unidos da América, que foram os primeiros a autorização de novo os voos destes aviões, apenas levantaram a proibição 20 meses depois, em novembro de 2020, com a emissão de uma nova certificação da aeronave.
A investigação do Congresso norte-americano deu a Boeing e a FAA - a reguladora de aviação norte-americana - como culpadas pelas falhas no design, na construção e na certificação de segurança dos aviões.
A 5 de janeiro de 2024, o avião - agora a variante 737 MAX 9 - voltou a estar envolvido em problemas. Um voo da Alaska Airlines sofreu uma descompressão descontrolada pouco depois de levantar voo de Portland, no estado do Oregon, perdendo um painel da fuselagem que substitui as portas de emergência em configurações com menos lugares.
Apesar de o incidente não causar vítimas, a FAA proibiu os voos destes aviões. O presidente executivo da empresa reconheceu um erro na fixação dos painéis.