O jornalista Fábio Monteiro, da Renascença, venceu esta terça-feira o grande prémio de jornalismo do banco Santander Totta e da Universidade Nova de Lisboa com o trabalho "Os (vários) frutos do consumo verde".
Publicado em janeiro de 2020, no "Jornal de Negócios", o trabalho foi galardoado na categoria Sustentabilidade e Inovação Empresarial.
A reportagem fala sobre o consumo de produtos e marcas sustentáveis e "amigas" do ambiente, ao mesmo tempo que aborda o combate ao consumismo desenfreado e de massas.
Para Fábio Monteiro, este reconhecimento é "ótimo para qualquer jornalista, é uma bandeira que dá para hastear e chamar a atenção para o trabalho que vamos fazendo". Mas o jornalista também se confessa "sortudo".
"Tive a liberdade para fazer este trabalho, para investir tempo e conseguir aprofundar um tema que me interessa. Acredito que qualquer jornalista, e existem muitos que não conseguirem escrever sobre o que querem escrever, sem liberdade e sem espaço, conseguiria fazer um trabalho tão bom ou, porventura, ainda melhor, se fossem dadas as condições certas", disse.
Resumindo a reportagem vencedora, o jornalista da Renascença fala do consumo verde como "uma espada de dois gumes".
"Temos marcas sempre a apelar ao consumo, sejam elas com produções mais ou menos conscientes. Contudo, ousaria dizer que é um pouco impossível não consumir. Há pessoas que só consomem coisas em segunda mão ou têm todas nas suas prioridades a aquisição de bens e de alimentos produções ecológicas e biológicas, ou roupa de origem sustentável, mas todas as pessoas estão a consumir", afirma.
A reportagem foi publicada em janeiro de 2020, quando a pandemia ainda não tinha feito parar o país e o mundo, pelo que a situação em que vivemos desde março, na opinião de Fábio Monteiro, só aprofundou ainda mais a dificuldade de consumir sem deixar uma pegada ecológica.
Houve muita preocupação com a questão do ecoconsumo e eu acho que há várias marcas que até prosperaram; mas se pensarmos na reciclagem, nas embalagens, no consumo, mesmo quando falamos nas produções orgânicas e ecológicas, houve várias pessoas que investiram num estilo de vida mais sustentável mas depois bastava terem de fazer compras via internet e estavam a adicionar uma grande pegada de resíduos às suas compras. É um pouco impossível escapar ao consumo", conclui o jornalista.
Os restantes prémios foram entregues também ao Negócios e à revista Exame. O jornalista Nuno Aguiar venceu o prémio na categoria de Mercados Financeiros com uma reportagem sobre a Robinhood (a aplicação de transações que levou ao crescimento exponencial do valor da empresa de videojogos GameStop) e as jornalistas Margarida Peixoto e Rafaela Burd Relvas, do Negócios, venceram na categoria Gestão de Empresas e Negócios com trabalhos sobre o Banco de Portugal.