Realojamento no ​Zmar. Entre o "menor sobressalto possível" e a “ocupação militar”
06-05-2021 - 16:35
 • Renascença, com Lusa

Cerca de 30 trabalhadores migrantes foram realojados esta madrugada no resort em processo de insolvência. Advogados consideram intervenção das autoridades “completamente desproporcional” e falam em má-fé do Governo.

A Proteção Civil do Alentejo diz que o alojamento dos primeiros sem condições obedeceu à sua situação social. Os advogados da maioria dos donos de casas do Zmar consideram “completamente desproporcional” a “ocupação militar” do resort.

O comandante da Proteção Civil, José Ribeiro, esclareceu, esta quinta-feira à tarde, a operação desencadeada esta madrugada em Odemira.

“O alojamento onde estes cidadãos estavam e que foi fiscalizado permitiu identificar uma diferente distribuição destas 49 pessoas. Nesse sentido, esta distribuição teve muito a ver com os agregados familiares, com a constituição de grupos já consolidados de trabalhadores, quer em termos étnicos quer religiosos”, explicou.

De acordo com o comandante José Ribeiro, a distribuição dos trabalhadores migrantes nos dois espaços de acolhimento temporário tentou acautelar “o maior conforto possível e com o menor sobressalto possível para essas pessoas”.

Cerca de 50 imigrantes que trabalham na agricultura na região de Odemira foram realojados durante a noite no complexo turístico Zmar e na Pousada da Juventude de Almograve.

Segundo o responsável da Proteção Civil no Alentejo, José Ribeiro, no Zmar foram realojadas cerca de 30 pessoas e na Pousada da Juventude em Almograve 21.


Todas as pessoas deste grupo, realojado durante a madrugada, estão negativas para o novo coronavírus, que provoca a covid-19.

Os advogados da maioria dos donos de casas e da massa insolvente do Zmar consideram “completamente desproporcional” a “ocupação militar” do complexo turístico pela GNR e acusaram o Governo de “má-fé”.

“É uma ocupação completamente desproporcional e insensata, que nos deixa a todos num cenário de terror”, afirmou à agência Lusa Nuno Silva Vieira, o advogado que representa 114 dos 160 proprietários de casas particulares no complexo turístico.

Pedro Pidwell, o administrador de insolvência do Zmar Eco Experience expressou à Lusa opinião idêntica: “É completamente despropositado” e “revela a postura de quem decide”, ou seja, da “má-fé do Governo nesta negociação”.

A GNR esclareceu que acompanhou hoje de madrugada a operação para realojar no complexo Zmar os imigrantes que trabalham na agricultura na sequência de um pedido da Proteção Civil Municipal de Odemira.

Em comunicado, a GNR explica que a sua atuação surge em resposta a um pedido da Proteção Civil Municipal de Odemira "para garantir as condições de segurança no transporte dos cidadãos a deslocar para as instalações do 'ZMar Eco Experience'".

A Guarda Nacional Republicana indica ainda que a operação, que decorreu pelas 04:00 e "sem incidentes", contou com o reforço do Comando Territorial de Beja e da Unidade de Intervenção.