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Na Venezuela, os manifestantes prometem voltar esta quinta-feira à rua, apesar de o Presidente ter convocado a oposição para um novo diálogo, depois de milhares de venezuelanos se terem manifestado nas principais cidades do país contra a violação da Constituição e a exigir eleições livres no país, naquela que já conhecida como “a mãe de todas as manifestações”.
"Jorge Rodríguez (autarca do município Libertador), Elías Jaua Milano (ministro da Educação) e Delcy Rodríguez (ministra de Relações Exteriores) são os meus três porta-vozes para o diálogo nacional", anunciou Nicolás Maduro.
O Presidente falava na Avenida Bolívar, em Caracas, perante milhares de simpatizantes que marcharam para assinalar os 207 anos de um movimento popular que deu início à independência da Venezuela e que se manifestavam igualmente em defesa da soberania do país e contra as alegadas intenções dos Estados Unidos de impulsionar um golpe de Estado.
"Dou-lhes todo o poder para convocar, nas próximas horas e dias, com elevação e com honra, todos os sectores da oposição que queiram sentar-se a dialogar sobre o futuro do país e pela paz", frisou.
Maduro diz-se pronto para estar "cara a cara com os porta-vozes da oposição, para dizer-lhes quatro verdades, outra vez, e pedir-lhes, a nome de milhões de homens e mulheres da Venezuela, que rectifiquem e que terminem com a violência e o golpismo".
Oposição quer novas manifestações
Apesar do apelo ao diálogo, a oposição voltou a convocar protesto anti-Maduro para esta quinta-feira.
Na "mãe de todas as manifestações", na quarta-feira, dezenas de milhares de venezuelanos saíram às ruas de algumas das principais cidades do país para protestar contra o que dizem ser uma ruptura constitucional, para pedir o fim da "ditadura" e a realização de eleições livres.
Os manifestantes protestam ainda por duas recentes sentenças em que o Supremo Tribunal de Justiça concedeu poderes especiais ao chefe de Estado, limita a imunidade parlamentar e assume as funções do parlamento.
De acordo com o mais recente balanço, pelo menos três pessoas morreram durante os protestos – dois estudantes e um agente da autoridade. Há também a indicação de mais de 400 pessoas detidas.
Portugueses mais presentes nos protestos
Na Venezuela, há pelo menos 500 mil portugueses ou descendentes de portugueses. Em declarações à Renascença, o delegado da Agência Lusa em Caracas, Filipe Gouveia, revela que há um maior envolvimento dos portugueses nas manifestações.
“Tem havido nos últimos tempos, uma maior participação da comunidade portuguesa nas marchas - quer a favor, quer conta o governo do presidente Nicolás Maduro”, descreveu.
“Tive oportunidade de falar com alguns portugueses e a maioria deles - apesar de centrarem a sua actividade nas questões profissionais, estar no país mais para trabalhar, para conseguir dar qualidade de vida aos seus - nesta oportunidade falavam também de que as carências do país, em matéria de alimentos, de medicamentos eram uma das razões que os levavam para a rua, para protestar”, detalha.