Um grupo de católicos do Porto escreveu uma carta aberta ao bispo da Diocese, D. Manuel Linda, dando “nota pública" de desânimo perante a gestão do do caso dos abusos no seio da Igreja.
"Não nos animam as não decisões, a falta de sentido de urgência e de clareza”, lê-se na carta a que a Renascença teve acesso.
A missiva é subscrita por 441 leigos da diocese, entre os quais Bento Amaral, que é o primeiro subscritor, João e José Anacoreta Correia e Hélio Loureiro.
“Temos vivido, como fiéis e como filhos da própria Igreja, preocupados e vigilantes, na ânsia de orientações e decisões do Bispo da nossa Diocese. Preocupam-nos, acima de tudo, as vítimas de abusos - as crianças e demais frágeis: o seu passado doloroso, o respeito pela sua dor presente e o acolhimento que lhes é devido. E queremos que saibam que existe uma Igreja disponível e preocupada com sua dor – e está aqui."
O grupo declara-se também preocupado com “todos os membros da Igreja, em especial os sacerdotes, porque sabemos (conhecemos bem!) como são maioritariamente portadores da verdade, da justiça e da bondade de Cristo. Preocupa-nos, ainda, o Bem da Igreja: a urgência da purificação a que todos somos chamados e a certeza de que a Igreja, designadamente na nossa Diocese do Porto, deve ser portadora firme e segura dessa predisposição”.
“Pedimos, em concreto, que ao nosso Bispo lhe assista, nas decisões que lhe cabe tomar, o discernimento e o critério do próprio Cristo”, prosseguem.
Os subscritores da carta definem-se como “um grupo de leigos, empenhados, sem organização formal, constituído em comunhão de fé, residentes no Diocese do Porto e que, em unidade com o seu Bispo e com o Papa, se sentem genuinamente preocupados com o tema dos abusos sexuais de crianças e frágeis no seio da Igreja”.
Na sequência da entrega da lista da Comissão Independente com a indicação de sete nomes de alegados abusadores, o bispo do Porto decidiu afastar de forma cautelar três sacerdotes e, na semana passada, entregou no Vaticano um dossiê.
Nesta altura, não há qualquer informação adicional sobre os restantes quatro sacerdotes que constam na lista enviada pela Comissão independente à Diocese do Porto.