Grupos organizados prometem manifestações no dia das eleições presidenciais nos Estados Unidos da América (EUA) e dirigentes políticos e autoridades manifestam preocupação com possíveis ações de violência organizada.
O mentor de uma manifestação na Carolina do Norte apelando ao voto nas eleições presidenciais nos EUA, que terminou com várias detenções de manifestantes, prometeu este domingo nova iniciativa para o dia da votação, na próxima terça-feira, 3 de novembro, e congressistas de ambos os partidos estão receosos com o que pode suceder na noite eleitoral.
As autoridades policiais de vários estados estão já a preparar operações de segurança para a noite eleitoral, perante ameaças de iniciativas violentas por parte de grupos associados a ambas as candidaturas presidenciais.
No sábado à noite, uma manifestação de apelo ao voto na Carolina do Norte, um dos estados considerados fulcrais para determinar o próximo Presidente dos EUA, acabou com a polícia a lançar gás lacrimogéneo e a deter vários dos participantes, por estarem a bloquear ruas sem autorização.
Hoje, o reverendo Greg Drumwright, organizador do evento de sábado, disse que está a planear nova manifestação para o dia das eleições, suscitando a preocupação das autoridades norte-americanas, enquanto dirigentes políticos de ambos os partidos não descartam a possibilidade de confrontos violentos fomentados por grupos de extrema-direita.
“Estamos num momento extremamente perigoso e, por isso, é muito importante insistir na não violência”, disse hoje a congressista Alexandria Ocasio-Cortez, da ala mais radical do Partido Democrata, referindo-se à movimentação de milícias armadas que estão a ser organizadas em vários pontos dos Estados Unidos, na véspera das eleições presidenciais, marcadas para terça-feira.
Ocasio-Cortez denunciou movimentações de grupos racistas brancos e o assédio a um autocarro de campanha do candidato democrata, Joe Biden, durante uma iniciativa no Texas.
Por seu lado, congressistas republicanos acusam o movimento Black Lives Mater, que tem manifestado apoio a Biden, de fomentar ações de intimidação junto de eleitores em círculos maioritariamente conservadores.
O departamento comercial Macy’s, na 5.ª avenida, em Nova Iorque, apareceu hoje entrincheirado atrás de painéis de madeira, pintado de preto, para proteger as montras de eventuais ações de violência na rua, nos dias finais de campanha eleitoral.
Em várias outras cidades, as autoridades estão a aconselhar os lojistas a tomar medidas de precaução e, em alguns estados, os governadores aconselham a população a exercer o seu direito de voto e a regressar a casa, precavendo-se contra a eventualidade de situações de violência.
As detenções realizadas no sábado na cidade de Graham, na Carolina do Norte, demonstraram que os manifestantes estão dispostos a enfrentar as forças de segurança, recorrendo à força e à resistência ativa.
A polícia de Graham disse que emitiu vários avisos para a multidão, antes de lançar gás pimenta e deter oito pessoas, que resistiram aos apelos dos agentes, alegando que estavam a realizar a manifestação sem autorização legal.
O organizador da manifestação, Greg Drumwright, acusou a polícia de “procurar desculpas para usar gás pimenta e para prender participantes”, dizendo que voltará a promover uma ação de apelo ao voto na terça-feira, independentemente da atitude das autoridades.
O governador democrata da Carolina do Norte, Roy Cooper, classificou a atuação da polícia como “inaceitável” e prometeu apoio para que “os manifestantes possam fazer-se ouvir”, acrescentando que “nenhuma forma de intimidação pode ser tolerada”.