Representantes das salas de espetáculo da Avenida da Liberdade opõem-se à proposta de fechar a avenida aos domingos e feriados, que pode ser "fatal" para estes trabalhadores.
Em comunicado, os representantes do Coliseu dos Recreios, Teatro Tivoli, Teatro Politeama, Teatro Maria Vitória e Capitólio criticaram a medida da Câmara Municipal de Lisboa, aprovada no dia 12 de maio.
"Há muitos empregos em situação periclitante e mais este obstáculo poderá ser fatal para a viabilidade futura destes trabalhadores e das respetivas empresas."
Esta situação difícil fica ainda mais exposta tendo em conta que "os domingos e feriados" são "os dias mais importantes, por se poderem realizar sessões múltiplas, atingindo muitas vezes as 22.000 pessoas ao longo do dia", lembram.
A proposta do Livre - aprovada com sete votos contra da liderança PSD/CDS-PP, duas abstenções dos vereadores do PCP e oito votos a favor, nomeadamente cinco do PS, um do Livre e um do BE - tem como objetivo reduzir a dependência de combustíveis fósseis na cidade de Lisboa.
Ainda assim, os representantes das salas de espetáculo apontam vários motivos que mostram como esta proposta prejudica o setor da cultura.
"Os domingos e feriados representam oportunidades privilegiadas para a deslocação a Lisboa de muitos espectadores provenientes de todo o país" que, sendo muitos de "mobilidade reduzida", serão incapazes de percorrer a distância necessária para chegar aos teatros.
Além destas razões, o comunicado aponta impedimentos logísticos. Uma vez que a logística de montagem destes espaços é feita no próprio dia, "as salas podem ser privadas de operarem em 66 dias por ano [domingos e feriados] o que significaria o seu encerramento por falta de viabilidade económica".
Numa altura em que a cultura regressa ao ativo depois de restrições pandémicas que destruíram "muito do seu músculo económico e das próprias dinâmicas e rotinas culturais dos espectadores", estes representantes lamentam que a decisão tenha sido tomada sem os consultar e sem a realização de qualquer estudo.
Também o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, reclamou a não existência de estudos que suportem a decisão. O autarca já pediu uma consulta pública, bem como estudos dos impactos desta medida. "E depois, baseado nisso, poderei ou não tomar essa medida, depois de ter um sustento em termos de dados", disse.
La Féria já se tinha mostrado contra este encerramento
Filipe La Féria já tinha criticado o encerramento da Avenida da Liberdade aos domingos e feriados, que trará "enormes prejuízos" para o Teatro Politeama.
O encenador apontou os mesmos motivos referidos no comunicado conjunto divulgado esta sexta-feira. "Na realidade, o Teatro Politeama efetua aos domingos e feriados uma parte significativa das suas receitas, com três a quatro exibições dos seus espetáculos em cartaz".
La Féria também lembrou que esta ideia surge num tempo ainda mais desadequado, já que representa "enormes prejuízos para o Teatro Politeama, que tão penalizado foi nos últimos tempos em consequência da pandemia covid-19".