O presidente da CP desafia o Governo a investir na ferrovia e a renovar a frota de comboios. Se a tutela exige mais viagens em certas zonas do país, tem de dar contrapartidas, disse Carlos Nogueira numa conferência sobre transportes, no Parlamento.
Mostrando um visível nervosismo pelas notícias que dão conta de uma CP à beira da rutura, Carlos Nogueira diz que as coisas não são exatamente assim, mas acaba por reconhecer que não se investiu na ferrovia nos últimos 20 anos e que com a liberalização à porta é preciso mais dinheiro e comprar comboios.
Perante deputados e especialistas em transportes, Carlos Nogueira defendeu contas equilibradas, mas não quer andar a pedir dinheiro à tutela em permanência. Se o Governo quer viagens de comboio em certas zonas do país, tem de oferecer contrapartidas, sublinha.
O presidente da CP aproveitou para fazer um novo desafio: para além do investimento na frota, é preciso investir nos engenheiros e quadros qualificados da EMEF, a oficina da empresa.
Para fazer estes desafios todos, o presidente da CP puxa dos galões e fala dos resultados da empresa: todos os anos saem 445 mil comboios das gares, o número de passageiros chegou em 2017 aos 122 milhões e para este ano são esperados 130 milhões, se a renovação da frota acontecer.
A CP fechou 2017 com 250 milhões de euros de lucro, mais 20 milhões do que em 2016. A expectativa para 2018 é para esse crescimento aumentar. Face a estes números, Carlos Nogueira remata que se a CP tivesse mais comboios, mais viagens venderia.
Na mesma conferência no Parlamento, mas da parte da manhã, o secretário de Estado das Infraestruturas disse à Renascença que a empresa de ferrovia está a sofrer dores de crescimento e garantiu que o Governo está a investir no reforço de pessoal da manutenção e na aquisição de novo material circulante, ou seja, mais comboios.