O PCP lança esta terça-feira um livro sobre a TAP que pretende ser um instrumento para combater a privatização da companhia aérea.
Depois de vários meses de comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, os comunistas não querem deixar cair o "dossier", considerando que, tal como noutros momentos da história, esta é uma batalha exigente, mas que foi possível sempre impedir a privatização da companhia aérea.
O livro “Dossier TAP: resistindo às privatizações” tem vários capítulos com informação que foi possível apurar durante a CPI. O processo de privatização, durante o curtíssimo governo de Pedro Passos Coelho, a David Neeleman e à Azure, os Fundos Airbus que serviram para capitalizar a TAP com o dinheiro da própria empresa, depois em 2016 a recompra da TAP pelo governo socialista e a gestão privada durante três anos.
Este livro, a que a Renascença teve acesso, conta a história da TAP que passou por vários processos e tentativas de privatização. Um deles foi em 2000, com a venda à Swissair. Nesse mesmo ano, PSD, PCP e CDS-PP pedem uma comissão de inquérito contestando o negócio feito no governo de António Guterres.
O PCP lembra que no final dos trabalhos dessa comissão de inquérito, o governo mantém a privatização com custos elevados para a companhia aérea.
“Mesmo depois da CPI 2000 ter exposto a verdade, o Governo (e a própria CPI) continuaram o caminho da privatização, cegos, surdos e mudos face à realidade. Que pouco depois se abateria sobre a TAP quando a própria Swissair entra em processo de falência. Com a Swissair em falência, a Sabena em falência (que a Swissair acabava de comprar) e o desmembramento do grupo Qualiflyer, a TAP vai suportar um prejuízo ainda maior em 2001. O total do buraco criado com o processo Swissair entre 1998 e 2002 ultrapassou os 200 milhões de euros, que pesaram nas contas da TAP até 2022” lê-se no livro que o PCP lança esta terça-feira.
Para os comunistas, a Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, que terminou os trabalhos a semana passada, deixou claro que a gestão pública da TAP “se comportou como o pior da gestão privada - movida apenas pelos resultados financeiros, opaca, com salários obscenos para os administradores e a máxima exploração para os trabalhadores”.
Para inverter essa estratégia, o PCP apresenta argumentos para dizer que a TAP é uma empresa estratégia para o país e tem de se manter na esfera do estado e ser apoiada. Vasco Cardoso, da Comissão Política do PCP, diz à Renascença que o argumento usado pelo governo de que a TAP tem de estar integrada num grupo internacional é falso.
“A TAP já faz parte de um grupo há vários, A STAR Aliance e tem cooperação com outras grandes companhias de aviação, pelo que o argumento da privatização da TAP para integrar um grupo económico é um argumento falso” conclui Vasco Cardoso.
O dirigente comunista apresenta ainda outros argumentos para travar a reprivatização. Vasco Cardoso diz que a TAP está capitalizada e é uma empresa estratégica para a economia nacional.
“A TAP é o maior exportador nacional, com mais de dois mil milhões de vendas ao exterior, assegurando mais de sete mil postos de trabalho diretos na companhia aérea e, no seu conjunto, mais de doze mil postos de trabalho diretos no Grupo TAP; sendo ainda responsável por, pelo menos, mais dez mil postos de trabalho indiretos. Trata-se de uma empresa que faz entrar anualmente na Segurança Social quase 100 milhões de euros só da TAP SA, e faz entrar quase outro tanto no Orçamento de Estado via IRS, uma Empresa que prestigia o país, e que, além disso, é fator de soberania”, refere Vasco Cardoso.