Giuseppe Conte, professor de Direito desconhecido do mundo da política italiana, acabou de ser nomeado para chefiar o governo de coligação em Itália, uma formação composta pelo MoVimento 5 Estrelas (M5S) e a extrema-direita da Liga Norte. O nome de Conte foi a proposta dos líderes de ambos os partidos em reunião com o Presidente de Itália, Sergio Mattarella, esta segunda-feira.
Aos jornalistas, Luigi di Maio, do M5S, explicou que, na últimas das várias reuniões com Mattarella para viabilizar um governo em Itália, o Presidente foi informado de que é Conte o nome sugerido para ser o próximo primeiro-ministro do país.
A notícia chega dias depois de os dois partidos terem conseguido chegar a um acordo de coligação depois de quase três meses de impasse político em Itália, após nenhuma formação partidária ter conquistado o mínimo de votos necessários nas eleições de 4 de março para poder governar sozinha.
Conte, de 54 anos, dá aulas privadas de Direito em Florença e Roma e nunca foi deputado nem desempenhou qualquer cargo público. Segundo a BBC, é tido como um ideólogo próximo de Di Maio, o líder do populista M5S. Nos últimos anos, exigiu a abolição de uma série de "leis inúteis" do país. Também defende que as ideologias do século XX estão obsoletas.
O que promete a coligação populista?
Conte já estava indicado pelo MoVimento para ocupar um cargo na coligação caso esta avançasse. Com o nome escolhido para primeiro-ministro, os dois partidos podem agora pedir ao Parlamento a viabilização do governo.
Na sexta-feira, quase três meses depois da ida às urnas, os partidos tinham alcançado um pacto governamental baseado num manifesto anti-austeridade.
Estas são as suas principais propostas, algumas delas em rota de colisão com a União Europeia:
- Criar um Rendimento Social de Inserção, no valor de 780€, para as famílias mais pobres do país, desde que estejam ativamente à procura de emprego;
- Deportar meio milhão de imigrantes sem documentos que tenham chegado a Itália, uma medida que os populistas da extrema-direita classificam como "prioritária";
- Rever o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) negociado por anteriores governos com Bruxelas, que atualmente limita o défice orçamental a 3% do PIB, e implementar um plano de redução da dívida através de "procura interna" em vez de austeridade;
- Criar uma reforma mínima de 780€ e abolir o atual sistema de pensões, sob o qual a idade da reforma vai sendo aumentada por fases:
- Trabalhar de perto com a Rússia em temas quentes no panorama internacional, entre eles o combate ao tráfico de refugiados e migrantes no Mediterrâneo e ao poder de influência de grupos islamitas violentos.