Vaticano publica novo documento sobre primado de Pedro
13-06-2024 - 11:00
 • Aura Miguel

"Documento de estudo" tem origem no convite de São João Paulo II a todos os cristãos na sua encíclica "Ut unum sint", de 1995.

O Vaticano divulgou um extenso documento sobre o primado de Pedro. Com o título “O Bispo de Roma. Primado e sinodalidade nos diálogos ecuménicos e nas respostas à encíclica Ut unum sint”, o texto, publicado pelo Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, inclui um breve prefácio do respetivo Prefeito, o cardeal Kurt Koch.

O cardeal suíço explica que na origem deste “documento de estudo” está o convite de São João Paulo II, dirigido a todos os cristãos, na sua encíclica "Ut unum sint ", de 1995, “para que possamos procurar, evidentemente juntos, as formas mediante as quais este ministério possa realizar um serviço de amor, reconhecido por uns e por outros”.

Mais tarde, Bento XVI reafirmou a necessidade de se aprofundar “o discernimento entre a natureza e a forma do exercício do primado”, mas foi o Papa Francisco quem acelerou o processo, considerando urgente responder ao convite lançado por João Paulo II, urgência recentemente reforçada pela dimensão ecuménica do processo sinodal em curso.

O cardeal Koch refere que as respostas foram numerosas, com reflexões e sugestões provenientes de vários âmbitos de diálogo teológico ecuménico. Por isso, este novo documento “não pretende esgotar o assunto, nem resumir o magistério católico, mas oferecer uma síntese objetiva dos recentes desenvolvimentos ecuménicos sobre o tema, incluindo intuições e alguns limites”.

O documento agora publicado é fruto de um trabalho “verdadeiramente ecuménico e sinodal”, que demorou três anos, reúne cerca de 30 respostas e 50 documentos de diálogo ecuménico sobre o tema.

O novo texto revela que todos os contributos concordam sobre a necessidade de um serviço de unidade a nível universal, “ainda que sujeito a diversas interpretações”, e que, ao contrário das polémicas do passado, “a questão do primado já não é vista simplesmente como um problema, mas agora como uma oportunidade para uma reflexão comum sobre a natureza da Igreja e sobre a sua missão no mundo”.

Entre as várias considerações, lê-se que “o ministério petrino do Bispo de Roma é intrínseco à dinâmica sinodal, tal como o aspecto comunitário que inclui o inteiro povo de Deus e a dimensão colegial do ministério episcopal”. Alguns diálogos ecuménicos exprimem “preocupação sobre a relação da infalibilidade com o primado do Evangelho, com a indefectibilidade da Igreja, o exercício da colegialidade episcopal e a necessidade da recepção.”

Foram ainda identificados alguns “princípios para o exercício do primado no século XXI”, entre eles, “a recíproca interdependência entre primado e sinodalidade a todos os níveis da Igreja e a consequente necessidade de um exercício sinodal do primado”.