Os portugueses não devem abastecer de bens alimentares e outros, na expetativa da chegada da epidemia da nova estirpe de coronavírus, Covid-19, ao país, explica Graça Freitas.
Em conferência de imprensa este sábado de manhã a diretora-geral da Saúde foi muito clara quando uma jornalista lhe perguntou se os cidadãos devem tomar precauções e acorrer aos supermercados para abastecer de comida.
“De todo! De todo!”, disse Graça Freitas, acrescentando o exemplo das máscaras.
“Não é preciso ir a correr à procura de máscaras e entrar em pânico. Não recomendamos máscaras para a população geral. As máscaras são para os doentes. Os doentes é que devem usar, mais os médicos, enfermeiros que têm de tratar os doentes e que pela proximidade podem-se infetar. Não estamos a recomendar o uso de máscaras.”
“As pessoas queixam-se que não há mascaras. Há mascaras para quem precisar. Estamos obviamente a guardar uma reserva para quem precisa”, explicou.
Sobre a necessidade de alimentos, deu o exemplo do que se passou consigo há décadas. “Eu tive a gripe pandémica de 1968, tivemos todos doentes em casa, durante uns dias, mas não foi preciso ir abastecer. Não vamos todos ficar doentes no mesmo dia à mesma hora. As pessoas não adoecem todas á mesma hora e quem está bem cuida de quem não está. Há mecanismos solidários entre a família, vizinhos”, afirmou.
Cenário de um milhão de infetados descartado
Graça Freitas foi questionada ainda sobre o cenário que a própria tinha avançado, em entrevista ao jornal "Expresso", de que Portugal poderia chegar a ter um milhão de infetados. Foi apenas um cenário, e o primeiro de vários. Os mais recentes, garante, já com informação mais precisa, são mais positivos, disse, embora não avançasse números.
"Afasto completamente. Já vamos no quarto cenário e os dados são cada vez mais favoráveis e o grau de incerteza é cada vez menor", afirmou Graça Freitas em conferência de imprensa, em Lisboa, explicando que a hipótese de um milhão de portugueses poder vir a ser infetado tinha na base uma taxa de ataque para a gripe A, de 2009.
Portugal continua sem qualquer caso confirmado de Covid-19. Os muitos casos suspeitos que foram reencaminhados para os hospitais deram todos negativo para esta estirpe.
Contudo, as autoridades continuam a preparar-se para a chegada quase inevitável da doença ao país e para isso já alargaram os serviços disponíveis, incluindo o número de pessoas a trabalhar nas linhas de saúde, as ambulâncias destinadas a transportar casos suspeitos e os hospitais. Neste momento, para além dos três hospitais que foram inicialmente marcados para acolher casos suspeitos de Covid-19 há mais dois em Portugal continental, o Santo António e o Hospital Pediátrico de Coimbra, e um em cada uma das regiões autónomas. Para além destas há outras em estado de prontidão, para um total de 12.
Estado cuida dos seus
Por fim, Graça Freitas assegurou que em casos em que as pessoas optem por ficar em isolamento profilático voluntário, uma vez que a legislação portuguesa não prevê a possibilidade de quarentena compulsiva, ou mesmo em casos de doença efetiva, ninguém será prejudicado em termos laborais.
A diretora-geral da Saúde disse que tem estado em contacto com o Governo e que os direitos das pessoas estão garantidos. “O Estado cuida dos seus. As pessoas que ficarem em isolamento voluntário terão toda a proteção do estado quanto aos seus direitos laborais. O mesmo para quem ficar doente.”
“Esperamos todos que esta epidemia não venha, mas se vier vamos ter de estar preparados e tranquilos”, concluiu a diretora-geral.
[Notícia corrigida às 12h42]