O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, condenou os ataques que a Rússia realizou na sexta-feira na Ucrânia, apesar de ter anunciado um cessar-fogo, numa conversa telefónica com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba.
"Estes ataques são uma contradição ao cessar-fogo unilateral anunciado pelo Presidente Vladimir Putin", disse sexta-feira Borrell num comunicado citado pela agência espanhola Europa Press.
Borrell disse que o cessar-fogo russo "não altera o facto de a Rússia estar a ocupar ilegalmente partes da Ucrânia".
Putin anunciou, na quinta-feira, um cessar-fogo de 36 horas, para celebrar o Natal ortodoxo, entre o meio-dia de hoje e a meia-noite de sábado, hora de Moscovo (09:00 de hoje e 21:00 de sábado, em Lisboa).
As duas partes acusaram-se mutuamente de realizarem ataques, embora a Ucrânia não tenha esclarecido se as suas tropas iriam suspender os combates durante a trégua anunciada por Putin.
A Ucrânia e os seus aliados ocidentais denunciaram a iniciativa do Presidente russo como uma manobra.
"Na ausência de medidas concretas, apenas parece uma tentativa de ganhar tempo para repensar e reagrupar tropas, enquanto [a Rússia] tenta reparar a sua reputação internacional", disse Borrell.
O Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança considerou que o cessar-fogo "não altera o facto de a Rússia estar a ocupar ilegalmente partes do território ucraniano".
Nesse sentido, reafirmou que a única opção séria para restaurar a paz e a segurança é "a retirada das tropas e do equipamento militar russo de todo o território da Ucrânia".
Durante a conversa telefónica, Borrell e Kuleba condenaram os ataques russos contra "infraestruturas vitais, incluindo edifícios residenciais", ao longo das últimas semanas.
Borrell qualificou como crimes de guerra estes ataques, que "destroem indiscriminadamente infraestruturas, instalações residenciais e médicas, visando deliberadamente e matando civis".
"Os líderes políticos e militares da Rússia, e todos os responsáveis e envolvidos nestes e noutros crimes de guerra cometidos na Ucrânia serão responsabilizados", assegurou, citado pela agência espanhola EFE.
Borrell reafirmou que a UE está determinada a manter o seu "apoio político, militar, económico e humanitário à Ucrânia" durante o tempo que for necessário.
O diplomata espanhol disse que também falou com Kuleba sobre os preparativos para o Conselho dos Negócios Estrangeiros de 23 de janeiro, em que o ministro ucraniano participará por videoconferência.
Kuleba acrescentou, na rede social Twitter, que a conversa se destinou também a preparar a próxima cimeira UE-Ucrânia, agendada para 03 de fevereiro.
"Disse-lhe quais são as nossas expectativas e concentrámo-nos no formato para ter sucesso", afirmou o ministro ucraniano.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro do ano passado, para "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho.
Em setembro, a Rússia anexou as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, depois de ter feito o mesmo com a Crimeia em 2014.
A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem a soberania russa nas regiões anexadas.
Desconhece-se o número de baixas civis e militares em quase 11 meses de combates, mas diversas fontes, incluindo a ONU têm advertido que o balanço será consideravelmente elevado.