Jorge Jesus acusa Bruno de Carvalho de mentir em tribunal. O ex-treinador do Sporting contraria a versão do ex-presidente sobre os acontecimentos antes, durante e depois do ataque a Alcochete.
A RTP divulgou, na sexta-feira, partes do interrogatório do ex-presidente do Sporting no Tribunal do Barreiro, em que este recusava qualquer responsabilidade do ataque a Alcochete e acusava Jesus de ser o responsável pela alteração da hora do treino do Sporting. Em entrevista ao "Correio da Manhã", Jorge Jesus desmente Bruno de Carvalho.
"Bruno de Carvalho mentiu em tribunal, o treino foi alterado das 10h00 para as 16h00, porque ele disse que precisava de tempo para que fosse criada a nota de culpa para suspender a equipa técnica", explica.
Jesus reforça que quem mudou a hora do treino do Sporting foi o ex-presidente, embora não saiba "se foi com a intenção de alguma coisa".
O ex-treinador do Sporting cita os membros da sua equipa técnica como testemunhas. "Houve uma altura na conversa em que eu digo que o treino do dia seguinte era às 10h00, mas o Bruno de Carvalho disse que não, porque não tinha tempo de fazer a minha nota de culpa junto dos advogados e, portanto, eu teria de alterar o treino de manhã para a tarde. Se eu recebesse até ao meio-dia, então tratava-se de um inquérito e eu seria despedido. Caso contrário, eu continuaria a treinar. Não recebi a nota de culpa", assinala o agora técnico do Al Hilal, da Arábia Saudita.
Bruno "nem sequer estava lá"
Quanto ao ataque, Jesus reconhece que "foi um momento difícil" e que aquilo que surpreendeu mais os jogadores e equipa técnica do Sporting foi a "facilidade" com que os adeptos tinham entrado na Academia.
"Senti-me indefeso, mas fiz tudo para defender o Sporting e, principalmente, os meus jogadores. Eu não tive medo de nada", afiança o ex-treinador leonino, que volta a desmentir Bruno de Carvalho.
O presidente destituído dos leões afirmou, em tribunal, que a pancada que Jorge Jesus levou "deve ter sido muito levezinha", porque depois não lhe viu "mazela nenhuma". Na mesma entrevista ao "CM", o técnico assinala que Bruno "nem estava lá, nem sabe o que se passou".
"Não fui agredido com um cinto, a agressão foi no corpo. Fui agredido outra vez e estava lá muita gente, incluindo jogadores que viram. O Petrovic viu e o William também viu essa agressão. Eu virei-me a alguns adeptos e disse que aquilo em Alcochete era uma traição ao Sporting. Logo a seguir levei um soco que me fez cair", conta Jorge Jesus.