Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, a 24 de fevereiro de 2022, a rede Cáritas assegurou apoio humanitário a 5,3 milhões de pessoas, na Ucrânia e nos países que receberam quem fugiu do conflito. Os dados foram revelados esta quinta-feira pela instituição católica, que sublinha a forma como as diversas Cáritas têm colaborado entre si - a ucraniana, mas também as da Polónia, Roménia, Moldávia, República Checa, Eslováquia, Bulgária, Hungria e a de Portugal.
“Estamos a trabalhar para que estas pessoas, que sofrem como resultado desta guerra, possam ter uma perspetiva de recuperação do seu país e, acima de tudo, nunca percam a esperança. Acreditamos que todas as pessoas têm direito a um lugar onde não estão sozinhas ou excluídas, mas pertencem a uma comunidade”, sublinha o comunicado enviado à Renascença.
Portugal foi um dos países que apoiou este esforço internacional, e também acolheu refugiados ucranianos. À Renascença, Rita Valadas, a presidente da Cáritas Portuguesa, diz que foi um esforço coletivo para responder “de acordo com as necessidades de cada momento”, e que os apoios são para manter, até porque a guerra não tem ainda um fim à vista.
“Continuamos empenhados no apoio à Ucrânia nesta fase em que o apoio humanitário continua a ser uma emergência, mas estamos também conscientes de que muito do trabalho da rede Cáritas será necessário na fase de reconstrução”, refere, lembrando a forma como Portugal se empenhou em ajudar.
“Houve portugueses que foram buscar pessoas à fronteira, e portugueses cá que receberam pessoas em suas casas, e isso aconteceu por todos os países onde há rede Cáritas. Só para os deslocadas em Portugal, apoiámos com 400 mil euros várias famílias, para conseguir garantir a manutenção das pessoas, o mínimo de bem estar e, em alguns casos, o acompanhamento psicossocial e outros recursos que as pessoas foram necessitando. E mantemos isso”.
Rita Valadas faz um balanço muito positivo da ajuda recebida através da campanha ‘Cáritas Ajuda Ucrânia’, e agradece a confiança dos portugueses nesta instituição da Igreja. “É muito positivo, porque nós conseguimos, de facto, apoiar de acordo com a rede internacional e não fazer desperdício. Foi um alinhamento transfronteiriço, que apoiou os países que estavam a receber e apoiou na zona de conflito”.
“Estamos a ficar especialistas em somar complexidades e encontrar respostas”, refere ainda, recordando que no terreno a ajuda começou a ser dada assim que estalou a guerra, porque a Cáritas já tinha uma boa rede por toda a Ucrânia. “Conseguimos fazer chegar a quem precisa os apoios que nos são entregues, e é muito bom sentir a solidariedade das pessoas e confiança que têm no nosso trabalho”.
Na aproximação da Semana Nacional da Cáritas – que se inicia a 5 de março e inclui o peditório público, que é uma das principais fontes de receita da instituição – a presidente da Cáritas diz que vão continuar a apoiar a Ucrânia e quem fugiu da guerra, mas sem esquecer as outras emergências internacionais que entretanto surgiram, como o terramoto na Turquia e na Síria, e as cheias em Moçambique.
A Cáritas Portuguesa continua a receber donativos. As várias campanhas da instituição podem ser consultadas em Cáritas.pt
“Somos a vossa mão e coração no terreno”
A Cáritas da Ucrânia continua a ser o pilar da ajuda humanitária no país. Numa mensagem vídeo, divulgada para assinalar um ano de guerra, Tetiana Stawnychy, a presidente daquela organização católica, explica que apesar de todas as contrariedades, nos últimos meses conseguiram expandir a rede e as respostas que já tinham.
“Alargámos os nossos serviços, que incluem 42 centros em todo o país, e 448 paróquias que estão a apoiar na resposta humanitária. Através desta rede pudemos assegurar quase 4 milhões de atendimentos a pessoas em necessidade, por toda a Ucrânia. Apoiámos quase 2,7 milhões de pessoas, beneficiários individuais, com diferentes respostas, apoio de saúde, psicossocial, e outras necessidades no contexto desta crise”.
Na mensagem, Tetiana agradece a solidariedade de quem tem apoiado a Ucrânia através da Cáritas, que está a assegurar o que faz mais falta. “Continuamos a responder às necessidades básicas, como comida, água, higiene, abrigos. Também estamos a trabalhar na recuperação de casas, e no aconselhamento e a apoio psicossocial, tanto para adultos como para crianças”.
“Estamos a trabalhar para que estas pessoas, que sofrem como resultado desta guerra, possam ter uma perspetiva de recuperação do seu país e, acima de tudo, nunca percam a esperança. Acreditamos que todas as pessoas têm direito a um lugar onde não estão sozinhas ou excluídas, mas pertencem a uma comunidade”, afirma aquela responsável, que lembra que “este foi um ano muito difícil que mudou a vida de milhões de ucranianos, mas foi também um ano de muita generosidade, esperança, fé e amor”.
E acrescenta: “como Cáritas Ucrânia acreditamos que somos no terreno a expressão de tudo isto. Somos os vossos corações, as vossas mãos, que oferecem ajuda e abraçam todos os que tentam sair desta situação dramática. Somos a vossa mão e coração no terreno”.