As autoridades norte-americanas iniciaram uma nova batalha para que Julian Assange enfrente a justiça dos Estados Unidos, dizendo aos juízes britânicos que, se o extraditarem por espionagem, o fundador do portal WikiLeaks poderá cumprir pena na Austrália.
Em janeiro, um tribunal britânico de primeira instância recusou um pedido dos Estados Unidos para extraditar Assange pela divulgação no WikiLeaks de documentos militares norte-americanos secretos há uma década.
A juíza distrital Vanessa Baraitser decidiu que era provável que Assange, que passou anos escondido e em prisões britânicas enquanto lutava contra a extradição, se suicidasse se fosse mantido nas duras condições das prisões norte-americanas.
Num recurso da decisão de janeiro, um advogado do Governo dos Estados Unidos negou que a saúde mental de Assange esteja demasiado frágil para lidar com o sistema judicial norte-americano.
Os procuradores do ministério público norte-americano indiciaram Assange por 17 crimes de espionagem e um de utilização informática indevida pela divulgação no WikiLeaks de milhares de documentos militares e diplomáticos alvo de fuga.
As acusações correspondem a uma sentença máxima de 175 anos de prisão, embora Lewis tenha afirmado que “a sentença mais longa alguma vez imposta por estes crimes foi 63 meses”.
Lewis indicou que as autoridades norte-americanas se comprometeram a não encarcerar Assange numa prisão “Supermax” de alta segurança antes do julgamento e a não o colocar em isolamento e, se condenado, permitirão que ele cumpra a sua sentença na Austrália, acrescentando que tais garantias “são vinculativas para os Estados Unidos”.
Desde que o portal WikiLeaks começou a divulgar documentos secretos, há mais de uma década, Assange tornou-se uma figura de destaque. Algumas pessoas veem-no como um perigoso revelador de segredos que pôs em perigo as vidas dos informadores e de outros que ajudaram os Estados Unidos em zonas de guerra. Outras pessoas afirmam que o Wikileaks denunciou crimes que os Governos gostariam de manter em segredo.
Julian Assange, de 50 anos, tem estado na prisão desde que foi detido, em abril de 2019, por não pagar a fiança, no âmbito de uma outra batalha legal.
Antes disso, passou sete anos refugiado dentro da embaixada do Equador em Londres, para onde fugiu em 2012 para evitar a extradição para a Suécia, onde fora acusado de violação.
A Suécia deixou cair o caso em novembro de 2019, devido à quantidade de tempo que já tinha passado.