Israel lança ataques perto do hospital al-Shifa, o maior de Gaza
29-10-2023 - 08:42
 • Lusa

Exército hebraico diz que Hamas tem complexo de túneis sob os hospitais da Faixa de Gaza, uma acusação rejeitada pelo grupo islamita.

Aviões de guerra israelitas realizaram ataques aéreos este domingo perto do maior hospital de Gaza, dois dias após Israel alegar que o movimento islamita Hamas tem um posto de comando sob o Hospital Shifa.

Moradores disseram à agência de notícias Associated Press (AP) que os mais recentes ataques aéreos destruíram a maior parte das estradas que levam ao hospital, na Cidade de Gaza, que está lotado de pacientes e dezenas de milhares de palestinianos em busca de abrigo.

Um palestiniano refugiado no Sifa, Mahmoud al-Sawah, disse à AP por telefone que “chegar ao hospital tornou-se cada vez mais difícil”. “Parece que eles querem isolar a área”, acrescentou.

Outro residente da Cidade de Gaza, Abdallah Sayed, disse à agência que os bombardeamentos israelitas nos últimos dois dias foram “os mais violentos e intensos” desde o início da guerra, a 07 de outubro.

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) não fizeram até ao momento qualquer comentário sobre os alegados ataques perto do Hospital Shifa.

Na sexta-feira, o porta-voz das IDF apresentou uma série de fotos aéreas e uma reconstituição em computador de como seria o dispositivo montado pelo Hamas nos hospitais do enclave, especialmente em Shifa.

O contra-almirante Daniel Hagari apresentou ainda gravações de áudio de interrogatórios de combatentes do Hamas capturados, que poderiam ter falado sob coação.

O governo do Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, rejeitou as alegações como “mentiras” e disse que eram “um precursor de um ataque” ao hospital.

Em 17 de outubro, uma explosão destruiu um outro hospital de Gaza, o Hospital Al Ahli. O Hamas acusou Israel de ter atacado o hospital com um míssil e provocado cerca de 500 mortos.

O exército israelita divulgou depois uma série de provas, incluindo imagens e conversas intercetadas, para negar qualquer responsabilidade e atribuiu a explosão a um disparo falhado de um foguete pelas milícias palestinianas em Gaza.

Um relatório dos serviços secretos norte-americanos estima que terão morrido entre 100 e 300 pessoas na explosão.

Em 09 de outubro, Israel impôs um “cerco total” a Gaza, cortando o fornecimento de água, eletricidade e alimentos. O território já estava sujeito a um bloqueio terrestre, aéreo e marítimo israelita desde a chegada ao poder do Hamas.

Após o ataque de 07 de outubro do Hamas ao sul de Israel, que fez mais de 1.400 mortos, cerca de 5 mil feridos e 229 reféns, os intensos bombardeamentos da retaliação israelita sobre Gaza fizeram, desde então, pelo menos 7.703 mortos e cerca de 19 mil feridos no enclave palestiniano.