O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Sousa Pereira, acusa o Governo de estar a dar um mau sinal aos jovens qualificados.
A poucas horas da apresentação do Orçamento do Estado (OE2024), António Sousa Pereira defende, na Renascença, que um aumento de apenas 3% aos quadros superiores da administração pública não é suficiente para reter talento no país e denuncia a dificuldade em contratar professores para as universidades.
“Neste momento, estamos a ficar com concursos para docentes desertos, porque os salários que pagamos no ensino superior não são atrativos. Portanto, os nossos melhores jovens, que estão a sair das universidades e que nós gostaríamos de ficar com eles, porque temos a perceção de que seriam excelentes docentes, pura e simplesmente olham para o salário que nós lhes pagamos, riem-se e vão-se embora. Vão trabalhar para França, para a Alemanha, para a Suíça e não ficam cá”, alerta o presidente do CRUP.
António Sousa Pereira considera que, com um aumento de 3% nos salários mais elevados, o Governo “está a dar mais uma machadada na competitividade do país, porque não está a dar um sinal que os nossos jovens com formação superior esperam que é o da valorização das suas carreiras”.
“Nós, hoje, aquilo a que assistimos é sobretudo à emigração de jovens qualificados, que bem falta fazem ao país e que não estão a ficar cá. Este aumento diferenciado pela negativa dos salários dos quadros superiores não é uma boa notícia para o país”, adverte.
Questionado sobre o aumento na ordem dos 140 milhões de euros para as instituições de ensino superior, no próximo ano, o presidente do CRUP diz que está longe do desejável, mas é um ponto de partida para recuperarem o financiamento que as universidades tinham há mais de uma década.
“É um bom sinal, no início de um caminho de recuperação daquilo que foi perdido nos últimos anos, ou seja, com este aumento de 5,3% eu dira que nós vamos ficar com níveis de financiamento que andarão sensivelmente pelos níveis de financiamento que tínhamos em 2010/2011 e, portanto, muito longe daquilo que seria desejável e que as instituições necessitam para se reequiparem, para fazerem a reabilitação do edificado e para fazerem investimentos maciços em equipamento pedagógico”, sublinha o presidente do CRUP.