Fernando Medina considera que não é momento para pensar em dar um passo atrás no plano de desconfinamento determinado pelo Governo. O presidente da Câmara de Lisboa encara o contexto atual, de aumento de casos positivos de Covid-19 em Portugal, com preocupação, mas sem alarme.
"O aumento do número de infetados era expectável. O objetivo do confinamento era conseguirmos o achatamento da curva e proteger o SNS, para que pudesse assegurar sempre resposta e o colapso não aconteceu", observa o autarca, no debate com João Taborda da Gama, no programa As 3 da Manhã.
Nesse sentido, conclui que, "do ponto de vista da proteção da capacidade de resposta do SNS, a estratégia está a ser bem sucedida. Tem vindo a responder, está a aumentar a sua capacidade e não tem havido aumento de internados nos cuidados intensivos".
O surgimento de vários surtos em lares e no Algarve, a juntar ao número de casos que continua elevado em concelhos da região de Lisboa e Vale do Tejo, não resulta, na opinião do autarca, de uma situação de descontrolo.
"Estes surtos, tirando o caso do Algarve, não têm nada a ver com o desconfinamento. O setor da construção civil nunca fechou e relativamente aos lares era uma situação que já havia um regime muito apertado na limitação de visitas", assinala.
João Taborda da Gama também reforça que o aumento do número de casos é normal, mas discorda da ideia de que tal não esteja relacionado com o desconfinamento.
"É inevitável que a partir do momento em desconfinamos que haja mais transmissões e muitas delas são indiretamente resultado do desconfinamento, porque as pessoas estão mais expostas ao vírus. Isto é normal que aconteça e o que se espera de nós é que tenhamos a calma para perceber o que é aceitável e que tem de acontecer", afirma.
Na sua perspetiva, "devemos olhar mais para os números de mortes e de pressão sobre o SNS do que para os casos positivos".
Os dois comentadores da Renascença elegem para tema da semana a atribuição da organização da final a oito da Liga dos Campeões a Lisboa. Fernando Medina destaca a relevância económica e a projeção externa que o evento vai dar à cidade e ao país.
"Mesmo que venha a ocorrer num cenário sem assistência nos estádios, Lisboa estará a televisionada por centenas de milhões de pessoas durante quase duas semanas. Vai ter um efeito de médio prazo, de apoio à recuperação do emprego e da economia muito importante", defende o presidente da Câmara de Lisboa.
João Taborda da Gama valoriza o acontecimento, mas não deixa de ressalvar que a importância institucional dada ao evento foi "totalmente desproporcionada, quando os portugueses não sabem o que vão fazer às escolas dos seus filhos".
"Era bom que Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro e ministro da Educação pensassem o que é que vão comunicar aos portugueses em relação a isso", conclui.