Com o devido distanciamento social, de bandeiras e cartazes na mão a dizer “Fim da precariedade”, a CGTP aprovou este sábado na Praça do Comércio, em Lisboa, uma resolução que pede o aumento do salário mínimo para os 850 euros.
A central sindical que este sábado organizou várias concentrações em várias capitais de distrito de todo o país, exige uma subida de mais 90 euros. A dirigente sindical Isabel Camarinha que aponta o ano de 2021 como meta, afirma que a “proposta de aumento salarial é para todos os trabalhadores”.
Em Lisboa, foram ouvidas críticas aos apelos de consenso deixados por Marcelo Rebelo de Sousa e ao Governo de António Costa. Segundo a CGTP, para o executivo socialista “os trabalhadores são tratados como peças descartáveis”, por isso defende ser necessário o Orçamento do Estado para 2021 "assumir ruturas com o tratamento dado aos trabalhadores.”
Em declarações aos jornalistas, Isabel Camarinha lamentou que Governo não tenha apresentado qualquer proposta para a subida do salário mínimo. A líder sindical que no discurso referiu-se à “desregulação dos horários, com maior poder patronal, com o desprezo pelos trabalhadores”, criticou o primeiro-ministro por ter dito que “quer atingir o valor dos 750 euros no fim da legislatura” e por ter considerado que no próximo ano poderá não haver aumentos.
A CGTP esclarece que não está “a exigir 850 euros, em janeiro de 2021”, mas sublinha que tem de se caminhar para essa meta “rapidamente”. Os sindicalistas consideram que a crise “não é uma fatalidade”, mas antes “o resultado das opções políticas”.
Na concentração que ocupou todo o Terreiro do Paço, em Lisboa, a CGTP manifestou-se ainda disponível para negociar a proposta de aumento salarial, também com os patrões.
Questionada sobre declarações de Ferraz da Costa, empresário e presidente do Fórum para a Competitividade que afirmou, em entrevista ao Dinheiro Vivo e TSF, ser “uma ideia criminosa” o aumento de salários, por muitas empresas já estarem já à beira da falência, Isabel Camarinha reagiu afirmando que “criminoso é haver trabalhadores a passarem fome devido aos cortes de salário e desemprego”. Na leitura da sindicalista, a subida dos salários “é uma forma de desenvolver o país e as empresas”.
“Mais salário dinamiza a economia, possibilita às empresas vender mais, criar emprego e reduzir o desemprego, com efeitos diretos na Segurança Social”, afirmou a sindicalista no seu discurso, perante centenas de manifestantes que de máscara se concentraram este sábado em Lisboa.