Sem sinais de trégua na guerra da Ucrânia, o comentador das Três d’As Manhã antevê que o preço dos combustíveis continue a subir, com altos e baixos, mas com tendência de subida.
“É um esforço coletivo que temos que fazer. É claro que no preço final não conta só o preço do combustível base, isto é o barril do petróleo e, portanto, nós temos que contar com o custo da refinação, do transporte, a margem do comerciante, que também tem que ter alguma margem para fazer face aos seus custos, e temos os impostos. De todos estes componentes, o maior componente são os impostos”, explica João Duque.
Já sobre as consequências que podem advir da medida que está agora a ser avaliada pelos Estados Unidos e pela Europa, e que pode passar por suspender a importação de petróleo a partir da Rússia, o comentador entende que elas vão depender da reação dos outros produtores de petróleo.
Depende do que “os grandes produtores de petróleo, Angola, por exemplo, e outros grandes produtores de petróleo da zona do Golfo, possam fazer em compensação, porque se esses produtores aumentarem o seu ritmo de produção isso fará claramente abrandar um pouco a subida dos preços e, portanto, por essa via ajudar o mundo ocidental. É preciso que eles queiram mesmo contribuir para esse esforço”, explica.
Apesar de esses produtores terem um preço mais elevado do que o praticado pela Rússia, João Duque considera que é “uma compensação que se pode fazer”.
“Nós podemos sempre ter esse efeito benéfico que é levar a que o cartel possa ajudar a redução deste impacto”.
No que concerne à ajuda do Governo para mitigar a escalada de preços, nomeadamente alargando o benefício do AUTOvoucher para particulares e empresas de transportes, João Duque, que gosta da ideia do voucher, entende que é curta e pequena, porque está associada à capacidade digital dos portugueses.
“É uma medida que eu acho interessante, mas é de espectro mais fino”, sublinha, reforçando que “se o Governo quiser ajudar a totalidade dos portugueses é tentar baixar o imposto e temos uma margem enorme de crescimento”.
Exemplificando com o crescimento de mais de 25% do imposto em janeiro de 2022, em relação ao período homologo de 2021, o comentador considera que “temos aqui um espaço de crescimento de imposto e receita fiscal que é absolutamente extraordinário”.
Se fosse ministro das Finanças ou Primeiro-Ministro, João Duque tenderia a baixar o imposto “para proteger, pelo menos, o acréscimo de inflação que o custo de transporte impacta nas outras atividades”.