A Polícia de Segurança Pública (PSP) já está a investigar uma agressão a um homem em situação de sem-abrigo, ocorrida esta quinta-feira, na cidade do Porto, na zona do Bonfim.
O homem de 52 anos, “sofreu queimaduras de segundo e terceiro grau, em 3% do corpo”, de acordo com fonte do Hospital de São João, contactada pela Renascença, e onde está internado na Unidade de Cirurgia Plástica.
Trata-se de um caso inédito que está a chocar toda a comunidade, nomeadamente as instituições que cuidam de pessoas em situação de sem-abrigo.
É o caso do Centro De Apoio Sem-Abrigo do Porto - CASA. Para a coordenadora, esta é uma situação “alarmante”, esperando que não se voltem a repetir casos como este.
“Não é uma situação expetável, mas na verdade, apesar de inédita, acaba por ser alarmante, porque isto já é o escalar máximo da violência. Não lhe sei dizer se já tinha havida alguma outra tentativa ou algum ato menos simpático para com o senhor, pelos vistos ele estava na zona há muito pouco tempo, mas não acredito que seja uma situação que se repita assim com tanta facilidade. Isto é limite”, afirma ao Renascença, Natália Coutinho.
A responsável lembra que as pessoas em situação de sem-abrigo, trazem consigo um historial de vida que obriga as equipas a trabalhar em rede, para que possam ser retiradas das ruas, com alguma dignidade. Um processo que é complexo e nem sempre bem-sucedido.
“Antes de tirar da rua, há muitos apoios que é preciso dar ao utente, desde, por exemplo, ajudar a tirar o cartão de Cidadão, ajudar a receber o Rendimento Social de Inserção ou integrar em comunidades terapêuticas por causa das adições, em muitos casos”, esclarece a coordenadora do CASA.
“Há muito trabalho que é feito para ajudar este público, pois é um público hiper vulnerável e não tem, muitas vezes, a noção clara do que precisa de ser feito”, levando a que “desista facilmente do processo, porque se sente completamente sozinho e sem apoio”, acrescenta.
Natália Coutinho defende que a sociedade civil, a par com as instituições que trabalham nesta área, podem fazer a diferença na ajuda às pessoas sem-abrigo.
“Ajudar, não apenas o CASA, mas outras associações, como voluntário, pois precisamos de braços, para continuarmos a desenvolver os nossos projetos. Fazer voluntariado é uma outra forma de ajudar, assim como reportar situações que surjam e não ignorar estas pessoas”, exemplifica.
A coordenadora do centro que atua na área do Porto, chama ainda a atenção para o facto de que, “estas pessoas, não podem pensar que não há sequer uma luz ao fundo do emaranhado de túneis, onde se encontram tantas vezes”.
A Renascença contactou também a Câmara Municipal do Porto. Num esclarecimento que fez chegar à redação, o município “repudia o incidente, que será agora um caso criminal”, reforçando que todas as pessoas “merecem respeito e dignidade, e independentemente da sua condição social e da situação em que se encontrem”.
Revela ainda que a vítima é de Gondomar e utente do Centro de Terapêutica Combinada do Centro Hospitalar do Porto.