O Observatório do Tráfico de Seres Humanos recebeu, no ano passado, 229 sinalizações de presumíveis vítimas de tráfico. "Em 2019 foram 281 as sinalizações de presumiveis casos, um decéscimo de 52 casos, mas nem por isso demonstra que a realidade diminuiu porque se olharmos para os últimos anos, por exemplo em 2017, o número de sinalizações foi mais baixo", revela à Renascença Rita Penedo, chefe da equipa que lidera o Observatório.
Portugal mantém-se na rota dos países que são escolhidos como destino de tráfico para fins de exploraçao laboral.
Dados revelados no dia em que se assinal o Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos, criado pela União Europeia em 2007 com o objetivo de mobilizar líderes políticos e a sociedade civil para o combate a este problema e fomentar o debate e a partilha de informação e de práticas entre os diferentes atores que trabalham nesta área.
"O ano passado foram sinalizados como presumíveis vítimas de tráfico 29 menores. Presumíveis vítimas de tráfico para fins de adoção; para fins de exploração laboral/servidão doméstica, entre outros. Globalmente, o método de controlo usado foi o isolamento do contexto familiar, dependência financeira e promessas de futuro melhor", pode ler-se no documento.
Rita Penedo explica ainda que há "situações de menores para fins de adopção ilegal, mendicidade forçada, prática de actividades criminosas e situações comulativas para tráfico laboral e sexual".
Vítimas laborais vão para a agricultura e mudaram países de origem
Esta responsável revela que "as vítimas de tráfico laboral maioritariamente vão para a agricultura, mas há também noutros sectores como por exemplo a restauração" e acrescenta "aquilo que sabemos efetivamente é que existem mais sinalizações e confirmações no Alentejo para exploração no sector da agricultura e as restantes regiões do país apresentam diferenças em matéria de tráfico, por exemplo em lisboa há também exploração laboral sexual e outras formas".
O tráfico para fins de exploração sexual surge como a segunda forma mais registada, mas tem vindo a diminuir nos ùltimos anos. "Em 2020 corresponde a 9% das sinalizações, as vitimas são todas do sexo feminino", acrescenta Rita Penedo.
Em matéria de idades, grande parte do tráfico de Seres Humanos envolve adultos. "62% eram homens e 32% do sexo feminino. Houve um decréscimo de sinalizações de menores que na sua maioria são do sexo feminino", diz esta responsável.
Rita Penedo explica que "durante alguns anos a maioria das vitimas confirmadas eram nacionais e de países comunitários: Romenia, Bulgaria. Nos útlimos anos (2019 e 2020) tem havido alteração desta tendência. Em 2020 foram sinalizadas 17 nacionalidades diferentes, sendo que 77% das presumiveis vitimas eram nacionais de países terceiros: India e Moldavia, Paquistão.