Há duas semanas, o procurador-geral, Merrick Garland, indicou um procurador especial, Robert Hur, para investigar a descoberta dos documentos - referentes à altura em que Biden era vice-Presidente de Barack Obama - e o comportamento da Casa Branca perante este caso, comentando que "não foi uma decisão fácil de tomar".
A Casa Branca já disse que irá colaborar com a investigação, sublinhando as diferenças com o caso da descoberta de documentos confidenciais na mansão de Mar-o-Lago, na Florida, do ex-Presidente Donald Trump, sublinhando que este foi mesmo acusado de obstrução à justiça.
Hur foi autorizado a "investigar se alguma pessoa ou entidade violou a lei neste processo, de acordo com o procurador-geral, alegando "circunstâncias excecionais" para a decisão, que foi tomada horas depois de Biden e os seus advogados terem anunciado um segundo pacote de documentos confidenciais encontrados na garagem do Presidente.
Os republicanos já disseram que ficarão atentos às conclusões desta investigação, em vésperas de Biden poder anunciar a sua recandidatura à presidência, e assinalando que a primeira questão que querem ver esclarecida diz respeito à demora da Casa Branca em denunciar a existência dos documentos.
Os advogados do Presidente demoraram mais de um mês a procurar documentos confidenciais que estivessem em presença de Biden, depois de um primeiro lote ter sido descoberto no seu escritório.
Outra suspeita, que politicamente pode ser danosa para Biden, relaciona-se com as competências das pessoas que fizeram as buscas, com os republicanos a questionarem se os advogados do Presidente estariam autorizados a fazer as buscas e a selecionar os documentos.
Por lei, o Presidente e o vice-Presidente dos EUA estão obrigados a devolver documentos oficiais ao Arquivo Nacional e à Administração Nacional de Arquivos, logo que deixem os seus cargos.
Contudo, seis anos após ter saído da Casa Branca, Biden ainda tinha na sua posse documentos que não lhe pertenciam.
"Ele foi surpreendido pela descoberta desses documentos. Ele não sabia que os tinha", disse a assessora de imprensa da Casa Branca Karine Jean-Pierre, na passada semana, acrescentando que "logo que os advogados os detetaram contactaram o Departamento de Justiça".
Contudo, esta resposta não foi suficiente para os republicanos, que exigem mais esclarecimentos.
"A Administração Nacional de Arquivos, a Casa Branca e o Departamento de Justiça estavam cientes dos documentos confidenciais guardados num armário antes da eleição. Agora, descobrimos que os documentos confidenciais mantidos na garagem do Presidente Biden foram encontrados em dezembro", disse James Comer, congressista republicano, que lidera uma comissão que fiscaliza a atividade do Governo.
"Há muitas perguntas sobre por que razão o Governo Biden manteve este assunto em segredo do público: quem teve acesso ao escritório e à residência, e que informações estão contidas nesses documentos confidenciais", acrescentou Comer.
Os democratas já montaram um plano de defesa para os inevitáveis ataques dos republicanos, insistindo nas diferenças com o processo dos documentos confidenciais encontrados em posse de Trump, sublinhando que Biden está a ser transparente e cooperante nas investigações.
Há dois senadores democratas que também já exigiram uma investigação ao caso dos documentos confidenciais: Joe Manchin, eleito pelo estado de West Virgínia, e Tim Kaine, eleito pelo estado de Virgínia.
"Os relatos sobre o Presidente Biden ter tratado indevidamente documentos confidenciais são extremamente irresponsáveis e perigosos. Estas alegações devem ser investigadas profundamente", disse Manchin.
Estes senadores estão sintonizados com a maioria dos norte-americanos, como comprovam recentes sondagens que dizem que dois terços da população é a favor dessa investigação.