A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) criticou o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, por ter anunciado que contraiu a Covid-19 num encontro presencial com jornalistas, colocando a vida destes profissionais em risco ao retirar a máscara.
Em comunicado, a ABI frisou que, “mesmo informado de que estava infetado com a Covid-19, o Presidente continua a agir de forma criminosa e pondo em risco a vida de outras pessoas”.
“Nesta terça-feira, rompendo o isolamento recomendado pelos médicos, recebeu jornalistas de veículos que considera alinhados com as suas políticas para informar, pessoalmente, que está contaminado com o coronavírus. Na ocasião, o Presidente esteve próximo dos jornalistas e chegou a retirar a máscara”, acrescentou a nota.
O órgão que representa profissionais da comunicação social avaliou que o chefe de Estado brasileiro terá violado duas vezes o Código Penal ao “praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio” e também agir contra “a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente”.
Considerando que Bolsonaro praticou sucessivos comportamentos que “vão além da irresponsabilidade e configuram claros crimes contra a saúde pública”, a ABI anunciou que enviará uma notícia-crime (comunicação que alguém faz à autoridade pública da infração penal) ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Presidente brasileiro.
Jair Bolsonaro, que testou positivo para o novo coronavírus na terça-feira, anunciou estar doente com a Covid-19 numa transmissão feita por alguns media locais e também nas redes sociais.
Na quarta-feira, o Presidente brasileiro usou as suas contas nas redes sociais para dizer que está bem de saúde e defender o uso da substância hidroxicloroquina, cujo efeito contra a Covid-19 não foi comprovado.
“Aos que torcem contra a Hidroxicloroquina, mas não apresentam alternativas, lamento informar que estou muito bem com seu uso e, com a graça de Deus, viverei ainda por muito tempo”, escreveu.
O Brasil totaliza 1.713.160 milhões de infetados e 67.964 óbitos devido à Covid-19, informou esta quarta-feira o Ministério da Saúde, acrescentando que investiga ainda uma eventual relação de 4.105 óbitos com a doença.
Nas últimas 24 horas, o país registou 1.223 vítimas mortais e 44.571 pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus.