A comunidade ucraniana em Portugal “praticamente dobrou” desde o início da guerra. Segundo o presidente da Assembleia da República, são mais de 60 mil os ucranianos a residir em território nacional.
Razão que leva Augusto Santos Silva a acreditar que as primeiras palavras do presidente ucraniano quando se dirigir, esta tarde, à Assembleia da República serão de agradecimento. “Julgo que terá em primeiro lugar palavras de sincero agradecimento ao povo português, porque tem sido absolutamente impecável no acolhimento, na receção e na integração de refugiados ucranianos.”
Em entrevista à Renascença, revela que durante a sessão marcada para esta tarde vai “exprimir a solidariedade e o apoio de Portugal à Ucrânia”.
Apoio, ressalva Santos Silva, que Portugal tem demonstrado a vários níveis, “quer no plano humanitário como de equipamento e militar. E temo-lo feito, também, multilateralmente no âmbito da União europeia e da Nato”, nota.
“Portugal, através do Governo, foi dos primeiros países do mundo condenar a agressão da Rússia. Fê-lo antes das 5h00 dessa madrugada infausta e tem no feito sem qualquer ambiguidade ou hesitação”, lembra.
O presidente do Parlamento enaltece a resistência do povo ucraniano e destaca as sucessivas derrotas “muito significativas” da Rússia desde o início da ofensiva militar na Ucrânia. “Desde logo, no plano político, nas relações internacionais e, também, no plano militar, pois a campanha está muito longe de se fazer segundo as promessas iniciais de Putin de que trataria de uma operação rápida e vitoriosa”, aponta.
“A resistência da Ucrânia tem sido absolutamente heroica e refiro-me à resistência de todo o povo.”
Zelenskiy discursa, esta quinta-feira, no Parlamento Português por videoconferência. A sessão inédita está agendada para as 17h00 e conta com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e do Primeiro-ministro, António Costa.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
Esta manhã, Moscovo anunciou a tomada da cidade de Mariupol. O Presidente russo, Vladimir Putin, cancelou hoje a ordem de assalto ao complexo industrial Azovstal, reduto da defesa ucraniana em Mariupol, mas mantém o bloqueio à zona.
"Considero inapropriado o assalto proposto à zona industrial. Ordeno o cancelamento", disse o chefe de Estado dirigindo-se ao ministro da Defesa, Serguei Shoigu, durante uma reunião governamental transmitida pela televisão pública russa Rossia 24.
Calcula-se que se encontram cerca de dois mil ucranianos, entre civis e elementos do Batalhão Azov na área industrial Azovstal na cidade de Mariupol assediada pelos invasores russos desde o princípio da campanha militar da Ucrânia.
A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).