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“Vai, vai melhorar”, garante Paulo Paixão nesta sexta-feira no programa As Três da Manhã, em resposta à pergunta: há motivos para acreditar que o atual cenário da pandemia em Portugal vai mudar?
O diretor Sociedade Portuguesa de Virologia diz que, “apesar de tudo, a vacinação está a ser efeito e vai ter também com as variantes, mesmo que não seja com a eficácia que gostaríamos”.
Mas só daqui a “largos meses” poderemos sentir melhoras significativas e respirar com alívio. Entretanto, ainda vamos ter mais casos.
“Ainda não chegámos ao pico. O nosso caso, ainda por cima, é dos mais graves e, portanto, vamos ter de ter paciência. Provavelmente, ainda vamos ver maior número de casos nos próximos dias, o que é assustador para a população que vai pensar: ‘estamos a fazer tudo isto e não adianta?’ Tem que se dizer de uma forma clara que vamos ter de esperar mais duas ou três semanas para começarmos a ver resultados mais palpáveis”.
Segundo o especialista, as curvas epidémicas dos vários países revelam que “praticamente nenhum país conseguiu diminuir [o número de casos] com menos de um mês” de medidas mais drásticas, como as que estamos a tomar agora.
Mas é preciso ir mais longe? Paulo Paixão diz que não. “Paralisarmos completamente também será extremamente complicado”, afirma, pelo que agora o que se pede é que as medidas sejam “aplicadas rigorosamente” e “todos nós as consciencializarmos” para que possam ter o efeito desejado.
“Agora, penso mesmo que é uma questão de tempo”, defende. “Vamos melhorar nas próximas semanas desta situação, mas aquela tal melhora que nós queremos, de grande nível, de começarmos a voltar à nossa vida normal, vai ainda demorar largos meses. Depende de a população ser vacinada”, destaca.
Portanto, é paciência. “Vai melhorar seguramente, mas vamos ter de ter ainda muita paciência”, diz o virologista.
Máscaras comunitárias ou cirúrgicas?
Paulo Paixão fala em nome pessoal sobre este tema, porque, diz, o assunto ainda não foi discutido no seio da direção da Sociedade Portuguesa de Virologia.
“Acho que passarmos a utilizar máscaras cirúrgicas e, num grau mais à frente as FP2, não teria nada contra – efetivamente, elas podem conferir um maior grau de proteção – mas primeiro, fator fundamental, é sabermos se temos capacidade de produção no nosso país” para que haja máscaras cirúrgicas para toda a gente.
“Se nos disserem, e isto têm de ser as autoridades a confirmar, que nós temos capacidade para dar mascaras cirúrgicas para todos os portugueses – estamos a falar de milhões de pessoas que saem diariamente à rua e são de uso único – não tenho problemas nenhuns em dizer, ótimo, vamos passar todos a usar pelo menos as máscaras cirúrgicas”, afirma.
Quanto às FP2, o virologista considera ainda “mais difícil” que possa haver para todos e diz que devem “ser reservadas, sobretudo, aos profissionais de saúde ou para situações em que há um maior risco”.
Máscaras feitas em casa é que, “efetivamente essas agora já não podem ser utilizadas”, diz.
Há, contudo, máscaras “comunitárias de qualidade” e “algumas têm um nível de proteção muito parecido ao da máscara cirúrgica”.
Alguns países europeus decidiram proibir o uso de máscaras de produção caseira. Em França a medida entrou em vigor na segunda-feira e permite apenas três tipos de máscaras: as cirúrgicas, as FFP2 (que filtram pelo menos 94% dos aerossóis) e as máscaras comunitárias de tecido que cumpram os requisitos da categoria 1 (que filtrem pelo menos 80% dos aerossóis).
Segundo o último boletim da Direção Geral de Saúde, Portugal voltou a registar, na quinta-feira, novos máximos de casos e óbitos com Covid-19. Desde o início da pandemia, já foram identificados 685.383 casos confirmados da doença, dos quais 11.608 morreram e 493.699 foram dados como recuperados.
De acordo com a ministra da Saúde, Marta Temido, a nova variante britânica do vírus da Covid-19 já tem uma prevalência de 50% na região de Lisboa e Vale do Tejo.