A Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa (A-ETPL), empresa de cedência de mão-de-obra às sete empresas de estiva do Porto de Lisboa, vai pedir a insolvência devido à situação financeira em que se encontra.
"A A-ETPL, reunida em assembleia geral, decidiu pedir a insolvência da associação, face à situação financeira em que esta se encontra, e face à impossibilidade de encontrar soluções para a sua viabilização com o sindicato representante dos trabalhadores", refere um comunicado enviado à agência Lusa.
A insolvência foi anunciada um dia depois dos estivadores do Porto de Lisboa terem iniciado uma greve de três semanas em protesto contra os salários em atraso e incumprimento dos acordos celebrados por parte da A-ETPL.
Contactada pela agência Lusa, fonte do Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística (SIAL) escusou-se a fazer comentários sobre a decisão da A-ETPL, remetendo uma tomada de posição para depois de um plenário dos estivadores do Porto de Lisboa, que terá lugar a partir das 8h00 de sexta-feira.
O SEAL apelou, entretanto, para participação dos estivadores de Lisboa no plenário de sexta-feira, "para decidir a extensão das formas de luta em função da adesão de 100% à greve em curso e do alinhamento das empresas de estiva de Lisboa na decisão de avançarem com o pedido de insolvência da A-ETPL".
Os primeiros dois dias da greve convocada pelo SEAL no Porto de Lisboa, que prevê a recusa dos estivadores ao trabalho para três empresas do grupo turco Yilport - Liscont, Sotagus e Multiterminal - e para uma quarta empresa, TMB (Terminal Multiusos do Beato), registaram uma adesão de 100 por cento.
A A-ETPL, empresa de trabalho portuário que garante a disponibilização de mão-de-obra aos diferentes operadores do Porto de Lisboa e que tem vindo a pagar os salários aos estivadores às prestações desde há cerca de um ano e meio, reuniu-se na terça-feira com a direção do SEAL numa derradeira tentativa para evitar a greve.
Na reunião, a A-ETPL alegou que a situação financeira da empresa era extremamente difícil e limitou-se a reafirmar as propostas que já tinha apresentado anteriormente com vista a uma redução de salários dos estivadores, a par da intenção de passar mais de três dezenas de trabalhadores efetivos a trabalhadores eventuais, propostas que não foram aceites pelo sindicato.
Poucas horas antes da greve que teve início na quarta-feira, o presidente da direção da A-AETPL, Diogo Marecos, já tinha adiantado à agência Lusa que a viabilidade da empresa dependia de uma redução do custo do trabalho dos estivadores e que se não houvesse acordo com o sindicato a direção da empresa poderia ter de avançar para um processo de insolvência.