Acordo com Governo "quase impossível". Pedro Nuno Santos só anuncia decisão sobre OE na Comissão Política
08-10-2024 - 23:11
 • Susana Madureira Martins

Decisão sobre sentido de voto fica adiada para a reunião com os órgãos de direção nacional. Pedro Nuno Santos explica aos deputados as negociações com Governo, após a garantia do primeiro-ministro de que não vai ceder no IRC. Acordo com Governo é dado como "quase impossível"

Ainda não será desta que o impasse terá fim. O PS não pretende posicionar-se no imediato depois da resposta do primeiro-ministro à contraproposta apresentada por Pedro Nuno Santos.

Na reunião que está a manter com os deputados, o líder do PS atirou a decisão sobre o sentido de voto no Orçamento do Estado para depois da entrega do diploma do Governo o Parlamento e só pretende fazê-lo depois de reunir a Comissão Política Nacional do partido, sabe a Renascença.

A reunião com os dirigentes nacionais ainda não tem data definida, mas terá sempre de ser convocada com 48 horas de antecedência, segundo as regras do PS. O líder socialista ganha mais uns dias, após a resposta de Luís Montenegro na entrevista à SIC, onde o primeiro-ministro recusou ceder na descida do IRC no Orçamento do Estado.

À Renascença é dito por um dirigente socialista que a resposta de Montenegro não convence a cúpula socialista e um acordo com o Governo é dado como "quase impossível", precisamente por causa da estratégia do Governo para a redução do IRC.

PS "plural" e dividido sobre OE

Esta posição que é assumida por dirigentes nacionais, que consideram difícil a viabilização do OE pelo partido, colidiu na reunião do grupo parlamentar com a opinião de deputados que vêm sendo adeptos da abstenção do PS, sendo o caso mais público o de José Luís Carneiro.

Foram cinco horas de debate à porta fechada e no final a própria líder parlamentar, em declarações aos jornalistas, não escondeu as divisões internas sobre o destino a dar ao OE. "É um partido muito plural", admitiu Alexandra Leitão.

A dirigente socialista ressalvou que tudo "confluiu numa grande confiança na decisão que o secretário-geral venha a tomar, independentemente de uns acharem mais uma coisa ou outra", chegando mesmo a falar de "união" em torno daquela que vier a ser a decisão de Pedro Nuno Santos.

O dilema vai manter-se por tempo indeterminado, com Alexandra Leitão a assumir que a decisão é assumidamente "complexa" e "difícil". A dirigente socialista avisa ainda que o PS não resolverá nada condicionado pela entrevista do primeiro-ministro à SIC e pela anunciada falta de acordo.

Embora assumindo que a entrevista de Montenegro possa ter trazido "dados novos", Alexandra Leitão diz que "não é a entrevista do primeiro-ministro que condiciona o debate interno do Partido Socialista".

Mas, se Montenegro dá o acordo como perdido, Alexandra Leitão coloca uma ligeira nuance nessa falta de acordo. Ele não existe "neste momento" e a decisão não "está fechada".

A frase completa da dirigente socialista é esta: "Não houve acordo, neste momento, não há acordo, mas veremos ainda a decisão quanto ao sentido de voto, que não está fechado, não está fechada a decisão". Ou seja, está tudo em aberto até ser conhecido o OE.