As grandes empresas produtoras de combustíveis fósseis devem pagar um "imposto extraordinário" para se financiar os países mais pobres e mais vulneráveis às alterações climáticas.
A proposta é feita num editorial conjunto coordenado pelo "The Guardian" e assinado por mais de 30 organizações jornalísticas de mais de 20 países, que foi publicado esta terça-feira, a poucos dias de terminar a 27.ª cimeira do clima da ONU (COP 27), a decorrer no Egito.
"A humanidade tem de acabar com o seu vício nos combustíveis fósseis. Os países ricos representam
Em setembro, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já tinha defendido a aplicação de um imposto sobre os lucros extraordinários das gigantes dos combustíveis e a redistribuição desse dinheiro pelas nações em desenvolvimento.
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia e face à consequente crise energética instalada no continente europeu, os lucros das grandes empresas que exploram e comercializam combustíveis fósseis subiram em flecha. Só nos primeiros três meses de 2022, as gigantes do petróleo e do gás fizeram 100 mil milhões de dólares.
Há consenso entre os analistas de que qualquer proposta de sucesso que venha a ser alcançada na COP 27 depende, em larga medida, de um rápido e abrangente financiamento das nações mais pobres e vulneráveis, para as capacitar no combate às alterações climáticas.
"As alterações climáticas são um problema global que exige cooperação entre todas as nações", indicam os subscritores do editorial hoje publicado. Contudo, é sublinhado, sem financiamento adequado, não existe uma relação de confiança entre o Norte global e o Sul.
"Não há tempo para apatia nem complacência; a urgência deste momento pesa sobre nós", indicam os jornais.
A diretora do "Guardian", Katharine Viner, foi quem coordenou a iniciativa, falando num "editorial ambicioso" que coincide com uma importante e difícil cimeira mundial pelo clima.
"Com a COP 27 a decorrer no Egito, queríamos publicar um editorial ambicioso que destacasse a força do que várias organizações de media diferentes, e os nossos leitores, sentem sobre a crise climática. Este editorial conjunto é uma demonstração poderosa de como organizações de media em todo o mundo podem juntar-se e colaborar em nome do interesse público."