Este ano a despesa com energia no Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), da Universidade Nova deverá chegar a 1 milhão e 200 mil euros, o que significa um aumento de 50% face ao ano anterior. Esta é uma fatura pesada, admite à Renascença o diretor do ITQB, que confessa que “é complicado e é uma questão relevante”, mas “um edifício científico não é um edifício normal”, explicando que há “muitos equipamentos que têm de estar ligados durante a noite, temos de ter temperaturas de trabalho que são controladas, por exemplo, se tivermos amostras, têm de ser preservadas a menos 80 graus e não podemos desligar os sistemas de arrefecimento durante a noite”
João Crespo reconhece que “há um consumo de energia que é verdadeiramente significativo e essa tem sido uma preocupação”. Fazendo contas, o diretor do ITQB afirma que a manter-se o ritmo de consumo, a fatura pode “chegar a 1 milhão e 200 mil euros, quando no ano anterior era de 800 mil euros”.
O líder deste Instituto da Nova defende, por isso, que seria mais relevante “tornar o edifício mais sustentável do que receber um apoio pontual para ajudar a pagar a conta da eletricidade”, assumindo que o desafio que se coloca é saber “como tornar o edifício energeticamente mais eficaz”, já que isso “requer um esforço significativo”.
Dinheiro do PRR podia fazer a diferença
O diretor do ITQB assume que “ter um edifício que nós não achamos que é suficientemente sustentável, é um pouco estranho”, porque “sustentabilidade não é uma palavra é uma prática na investigação, é uma prática no ensino, porque esse é um modo de vida que temos de prosseguir”.
Comentando o apoio às universidades, anunciado pelo governo, João Crespo considera que “seria mais interessante em complemento, se quisermos, criar situações que nos permitisse fazer investimentos de forma a tornar os edifícios mais sustentáveis, mais energeticamente eficientes, de forma a diminuir o consumo e isto teria consequências não só este ano, mas também no futuro e esta tem de ser a lógica que temos de seguir”.
Este Professor Catedrático de Engenharia Química e Biológica, avança com um exemplo: “substituir toda a iluminação atual do edifício do ITQB por leds, seria um investimento de 210 mil euros”, mas seria recuperado em 4 anos. Este seria o investimento mais pequeno para conseguir alguma economia, admitindo que outros seriam muito mais elevados, como por exemplo, “o de climatização poderia rondar os 2 milhões de euros”.
João Crespo admite que o dinheiro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) podia fazer a diferença e ser uma ajuda, mas a condição é que o “investimento a fazer se traduza numa determinada diminuição no consumo de energia, mas estes edifícios, de caracter científico, têm algum dispêndio que é fixo”, acrescentando que essas regras seriam aceitáveis para um edifício de escritórios. As regras colocaram, por isso, um travão a uma eventual candidatura do ITQB aos dinheiros do PRR.